sábado, 18 de maio de 2013

O cavalo e o touro em congresso histórico!

            Está a decorrer na Golegã, desde ontem, dia 15, no moderno centro Equuspolis, e prosseguirá no Cineteatro da Chamusca, nos dias 18 e 19 (porque o dia de amanhã, 17, está reservado a visitas), um congresso internacional, que reúne cerca de 100 participantes, não apenas de Portugal, mas também de Espanha, Itália, Grécia, Líbia, México e EUA, com 56 (!) comunicações previstas em torno da temática: o cavalo e o touro na Pré-história e na História.
            Reveste-se de particular interesse esta iniciativa - patrocinada, naturalmente, por ambos os municípios, em que tanto o cavalo como o touro fazem parte da actividade económica, social e comunitária quotidiana - precisamente porque se procurou juntar numa mesma reunião científica, toda uma panóplia de assuntos, vistos dos ângulos mais diversificados, o que enriquece sobremaneira as perspectivas de análise.
            O Doutor Fernando Coimbra, grande dinamizador do congresso, especializou-se na investigação em arte rupestre e não admira, por isso, que logo a 1ª sessão haja sido dedicada às representações desses dois animais desde os tempos paleolíticos em sítios de Espanha, Grécia, Marrocos, Líbia…
Entrando-se na História propriamente dita, nas civilizações pré-clássicas e clássicas, falou-se do cavalo no Egipto faraónico (como símbolo de poder, por exemplo), das quadrigas de Roma, do cavalo como animal sagrado, para, no que à Idade Média e à Idade Moderna diz respeito, se dizer de «los primeiros caballos llevados a América por españoles y portugueses» e do papel deste animal na cultura islâmica e também na Revolução Industrial.
            A domesticação, tema perene, foi analisada; e igualmente se proporcionou encarar o cavalo do ponto de vista museológico, ou seja, que exposições há e podem vir a fazer-se: no Museu Nacional de Arqueologia, no Museu Ibérico de Arqueologia e Arte de Abrantes, na Casa dos Patudos ( Alpiarça)…
E, claro, como se compreende, «a criação de cavalos e a sua utilização artística e desportiva» não podia deixar de estar presente, encarando-se, inclusive, «a criação do cavalo Lusitano numa perspectiva biológica».
Os aspectos paleontológicos não foram esquecidos assim como a «utilização militar do cavalo ao longo dos tempos».
            Para o Cine-teatro da Chamusca (dias 18 e 19), o touro vai ser o «rei», prevendo-se, a seu respeito, uma abordagem temática idêntica à que se fez sobre o cavalo, ainda que, no final, ambos os animais se analisem: em lendas, nos bestiários, nos fabulários (o centauro!), nos contos e, inclusive, «en el imaginario mágico-religioso de los Mayas»!
            Inaugurar-se-á a exposição de pintura «30 000 anos de História do Cavalo». E, no âmbito das visitas programadas para amanhã, 17, os destinos são, em alternativa: a Ganadaria Assunção Coimbra e a Coudelaria Veiga (Chamusca e Golegã); Abrantes (Museu D. Lopo de Almeida e castelo, Museu de Arte Pré-Histórica de Mação); Vila Velha de Ródão (Centro de Interpretação de Arte Rupestre do Tejo, castelo e miradouro do rei Wamba, passeio de barco às Portas do Ródão, lagar de varas, conferência sobre o Paleolítico do Ródão pelo Dr. Luís Raposo).
Acrescente-se que estará presente a tauromaquia, no domingo: a sua história, «Cartazes tauromáquicos das décadas de 1960-70: intervenções de conservação e restauro numa colecção particular», as festas de toiros em Portugal e em Espanha, de ancestral valor (queira-se ou não). Por fim, cavalos e toiros nas artes plásticas: pintura, escultura, azulejaria…
            Por conseguinte, em terras ribatejanas, uma plêiade de investigadores está a demonstrar como o cavalo e o touro, afinal, além das ‘funções’ utilitárias e de diversão que se conhecem, podem constituir deveras interessante fonte de reflexão e de bem aprofundado estudo.

Publicado em Cyberjornal, 16-05-2013:
http://www.cyberjornal.net/index.php?option=com_content&task=view&id=18311&Itemid=30

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