quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Na prateleira - 7

Marginal, imagem de desleixo?
            Perguntamo-nos, ao ver tantos ‘pinos’ separadores deitados abaixo, jazendo por terra ou simplesmente arrancados pela base e desaparecidos. De S. João até Cascais ultrapassam largamente a dezena, neste final de Agosto. Que imagem se dará com isso aos transeuntes, quer os locais quer, de modo especial, aos turistas? Desleixo dos responsáveis? Falta de civismo dos condutores, que se ‘distraem’ e os derrubam? Falta de verbas para a manutenção? Acaso esta não foi inserida no contrato de fornecimento?

Bolas de Berlim
            Os veraneantes das praias de Cascais e Estoris foram mui agradavelmente surpreendidos por, de novo, terem o privilégio de ouvir os pregões dos vendedores de bolos. Este ano, porém, a surpresa foi maior porque a vendedeira adoptou original pregão cantado:
            Olh’às bolinhas de Berlim
            São fofinhas e amarelas
            Eu quero uma só pra mim!...
            O começo nem sempre é o mesmo; mas (garanto!) o pregão traz quotidianamente uma lufada de ar fresco ao areal!

Passar o tempo!
            Terça-feira, 20 de Agosto, 10 horas, Praia das Moitas.
            Duas senhoras contavam do que haviam feito no dia anterior.
            – Olha! Vamos dar um passeio para ajudar a passar o tempo! – fora a proposta que uma fizera.
            E tinham ido, segundo depreendi, até ao paredão.
            Claro, excelente a proposta; agora, quanto à razão invocada, eu desejei que tal nunca viesse a acontecer comigo: necessitar de algo para me ajudar a passar o tempo!

A mamada
             Sempre imagem de maravilha a de um bebé a mamar. No dia 21 de Agosto, na ora mui concorrida Praia das Moitas, mãe e filho, estendidos lado a lado no toalhão, sobre o areal, proporcionavam essa imagem ainda mais ternurenta, plena de serenidade e de bem-estar!... Apeteceu-me rezar em silêncio: «Benza-os Deus!».

Instantâneos
            Deixei-me ficar no paredão, entre as 9 e as 10 da manhã de 22 de Agosto, que acordara sob leve manto de neblina. Embala-me o sussurro da quase imperceptível ondulação a caminho do areal, brincando entre as rochas musgosas da maré vazia. Até oiço o bater metálico no cargueiro parado ao largo há já dois dias. E o luxuoso veleiro desperta, além, sonhos de aventuras.
            Fui vendo.
            Muita gente, mesmo muita, de todas as idades: a fazer exercício para se manter em forma; andares rápidos; andares ritmados; andares sem preocupação
            A jovem em final de gravidez, de mão dada com o marido. Deve ser o primeiro filhote. Passaram por mim à ida e, agora, de regresso. Devagarinho. Com o olhar, desejei-lhe uma boa hora.
            Aprecio sobretudo os casais de velhotes. Sozinhos, os dois, decidiram-se a levantar cedo. Esse era o hábito, sem dúvida! E vêm caminhar. Lado a lado, sinal de uma longa caminhada em comum, que serenamente se aproxima do fim.
             Fui ouvindo. Histórias de vidas que imaginei condensadas na prateleira de uma só frase:
            – Deixava-me o cão mijar nos degraus da escada do andar!
            – Havia uma altura em que ela tinha de ir dar de comer à mãe...
            – Faço colecção de mealheiros. Tenho lá em casa mais de 300!
            – Eu não devia dizer isto, porque fui eu que os pari!... Mas ele merece, coitado, farta-se de trabalhar!
            – Quando quiserem vir, vêm! Eu reformei-me em Maio. A minha cunhada gosta muito dos netos, mas… é connosco que eles passam as férias. Eles adoram!

Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais, nº 12, 4-09-2013, p. 6.

 

Sem comentários:

Enviar um comentário