Grande responsável da ida, por
exemplo, de canteiros para Marrocos deve ter sido o grande entusiasta da
fundação do nosso concelho, João Rosa Beatriz, que, como vice-cônsul de
Portugal em Mazagão, facilmente logrou regularizar a situação dos são-brasenses
que chegavam àquele reino em busca de trabalho. Muitos deles foram para a zona
de Meknés, abundante em pedreiras, cidade onde, aliás, após 1940, Rosa Beatriz
foi obrigado a residir pelo representantes do governo francês em Marrocos,
devido à sua atitude política não estar conforme às leis aí em vigor.
Mas amiúde se fala desses trabalhadores
da pedra e da influência que posteriormente vieram a ter, justamente porque,
depois de acabadas as obras em Marrocos, debandaram, por exemplo, Cascais, para
trabalharem nas pedreiras.
Deveras oportuna foi, pois, a
notícia veiculada pelo nosso jornal, também na edição de Agosto último (p. 13),
referente à presença de são-brasenses em Ermidas-Sado, neste caso no âmbito da actividade
corticeira.
Da ida de mão-de-obra
para a esgalha da cortiça no Alentejo, em meados do século passado, muitos
ainda estarão lembrados. Agora, a monografia de Paulo Alexandre Gomes, Ermidas-Sado – História de uma Povoação
Contemporânea, editada, em 2000, pela Junta de Freguesia local, de que – mui
justamente – o nosso director ora se fez eco, veio chamar a atenção para o
importante papel que tiveram os homens da cortiça são-brasense no desenvolvimento
dessa povoação de encruzilhada, servida pelo caminho-de-ferro precisamente para
dar vazão à cortiça.
Fomos lançando sementes
aqui e além, terra de encruzilhada que também somos. E essa é uma história que
não podemos esquecer!
[Publicado em Notícias de S. Braz (S. Brás de Alportel), nº 202, 20 de Setembro
de 2013, p. 21].
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