Escola de negócios
No Expresso de 27 de Setembro, p. p., um
banco orgulhava-se, em página inteira, «de ser Parceiro Fundador do novo campus da NOVA School of Business and
Economics em Carcavelos», anunciando «os grandes objectivos deste investimento»:
«Atrair o melhor talento, transformar o ensino numa indústria exportadora competitiva,
gerar iniciativas empreendedoras e criar uma rede internacional de estudantes
de excelência».
Aplaude-se,
claro!
Como
é em inglês, a intenção é que esses estudantes aqui formados vão depois para o
estrangeiro, não é?
Deliberações camarárias
A exemplo de várias
câmaras municipais portuguesas, também o «município empreendedor» de Santiago
do Cacém inclui habitualmente na sua «informação municipal» uma separata
expressamente dedicada a apresentar o «resumo das principais deliberações das reuniões
da Câmara Municipal». Tenho presente o nº 35, de Outubro, que reporta as
decisões de 3 de Julho a 25 de Setembro.
Aliás,
essa é também a boa prática de Oeiras. O boletim municipal Oeiras Actual tem suplemento sobre «deliberações, regulamentos».
Exemplifico com o nº 227, de Setembro-Outubro, de 38 páginas, que insere esse
suplemento, de 18 páginas, onde vêm os resumos do que se passou nas reuniões do
Executivo e da Assembleia municipais desde 23 de Abril a 29 de Setembro. Dá-se
também a conhecer o teor de editais e de contratos-programa assinados.
O hábito não faz o monge
Terá sido essa a
conclusão que tiraram as largas centenas de pessoas que acorreram à baía de
Cascais na noite de 31 de Dezembro, na expectativa de que – na sequência das
grandes e propagandeadas festas do Verão – a vetusta vila não deixasse seus
créditos por mãos alheias e também ela queimasse ‘vistoso’ fogo de artifício. Ninguém
o havia prometido, não estava na agenda e… lá se abriu o champanhe sem olhar
para o ar. Quiçá foi esse um bom motivo para melhor nos olharmos olhos nos
olhos, num terno sorriso de amizade, a estreitarmos nos braços as pessoas
queridas, na promessa de tudo fazermos, sem estralejar de foguetes, para que
2015 seja melhor.
Conclusão
a tirar? Ousaria uma: nem todos os munícipes têm o hábito de ir ao computador
ou não dispõem de posses para o ter. Se fosse perverso, aproveitaria para relembrar
a falta que faz a informação escrita, em papel palpável. Mas… não quero ser perverso!
As contingências climáticas
Não
vale a pena insistir, pois toda a gente disso se apercebeu já: de um momento para
o outro, uma forte bátega de água é bastante para deitar a perder anos de
trabalho, haveres de uma vida e, até, por vezes, vidas humanas. Cascais não constitui
excepção. E o voto para 2015 – no momento em que se giza o novo Plano Director
Municipal – é que os responsáveis procurem evitar, o mais possível, a impermeabilização
dos terrenos, reprovando novos empreendimentos imobiliários. À vista desarmada,
de um leigo na matéria, o mercado habitacional do concelho afigura-se
suficiente, tantas são as casas que há por aí para arrendar e, sobretudo, para
vender.
Capacidade de mobilização
A exemplo de
outros municípios, Cascais tem o seu ‘orçamento participativo’: são
apresentadas propostas, que, aceites, ficam à mercê de uma votação do povo. E
que é «o povo»? Tal como acontece nos programas televisivos em que se pede «aos
portugueses» que votem no seu favorito e eu me pergunto sempre quem são «os
portugueses», esses tais de quem depois se diz: «E os portugueses
decidiram!...». Em 2014, os promotores de propostas aperceberam-se de que o
importante era levar a água ao seu moinho usando para esse efeito todos os meios
ao seu dispor. Assim, tive ocasião de ver que, no dia da romagem anual ao
cemitério, lá estava à porta uma pessoa de papelinho na mão a pedir voto. Por
aqui e por ali, as acções de publicidade ocorreram. Acho muito bem: mobilize-se
o povo! Tive pena que o projecto em que votei tenha perdido por meia dúzia de
votos; mas democracia é isso: ganha quem tem unhas para a guitarra!
Publicado em Costa do Sol – Jornal Regional dos Concelhos de Oeiras e Cascais,
nº 75, 14-01-2015, p. 6.
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