sábado, 3 de janeiro de 2015

As pradarias marinhas

             Aprendemos na escola que há na água do mar o plâncton, miríades de minúsculos seres vivos que alimentam os peixes e toda uma riqueza animal que tem no oceano o seu habitat. E é quando nos mostram imagens desse mundo que sentimos quanto ele detém, para todos, uma importância fundamental!...
            Compreendo, por isso, a lamentação de um antigo aluno meu, Miguel Lacerda, apaixonado pela arqueologia subaquática e incansável lutador pela defesa do ambiente marinho (escreveu, por exemplo, Cascais Atlântico - Fauna Marinha de Cascais, livro lançado a 11-12-2008, um guia ilustrado com 416 páginas e 700 fotos), ao enviar-me imagens do abundante lixo que, numa das habituais campanhas de limpeza do oceano Clean up the World), logravam apanhar! E, sobretudo, chamava-me a atenção para uma, com a bateria de um barco, que, já fora de uso, algum mestre de faina não hesitara em atirar para o fundo, sabendo perfeitamente o crime de leso ambiente que estava a cometer.
            Rejubilei, pois, quando o Prof. Jorge Paiva, na sua incansável campanha natalícia de há décadas em prol da biodiversidade, escolheu para tema do seu bilhete-postal deste ano a «biodiversidade das pradarias marinhas». A fotografia, tirada em 20 de Abril de 2011 em Cuiba, Pemba, na costa moçambicana, mostra uma estrela-do-mar e um ouriço «numa pradaria marinha de Thalassia hemprichii», uma alga.
            Vivem nessas pradarias algas e plantas vasculares, salienta o professor, fonte de alimentação para «miríades de pequenos seres vivos […] desde peixes herbívoros a imensos moluscos e seres microscópicos». Por isso, acrescenta: «São, pois, ecossistemas de elevada biodiversidade e a sua preservação é extraordinariamente relevante para a riqueza piscícola de qualquer país com litoral marinho, pois, tal como os sapais e os mangais, são relevantes “maternidades” e “berçários” da vida marinha».
            Apelando para que cada vez se conheçam melhor estes habitats, dado que até os que vivem da pesca «frequentemente as destroem com as suas redes de arrasto», o seu voto é: que se tome consciência clara desta importante realidade!
            Naturalmente, um voto que faço meu, neste dealbar de um novo ano!

Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 653, 01-01-2015, p. 13.

 

1 comentário:

  1. Miguel de Lacerda escreveu:
    "Muito obrigado pela citação, Professor José d'Encarnação :), infelizmente, o lixo marinho é uma realidade difícil de combater, difícil de controlar e fácil de esconder... Pena é que não possamos fazer muito mais para divulgar estes e outros crimes que se cometem no nosso ambiente e no nosso mar!"

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