quarta-feira, 9 de março de 2016

Auditório da Senhora da Boa Nova teve lotação esgotada

            Já vai sendo hábito esgotarem-se as lotações para os concertos da Orquestra Sinfónica de Cascais. E ainda bem, porque assim se prova quão acertada foi a iniciativa de se lançar mãos a um empreendimento assim, em tempos aparentemente alheios ao apoio às Artes e às manifestações culturais em geral.
            Esgotou, pois, na noite de sábado, 5 de Março, a lotação do Auditório da Senhora da Boa Nova, na Galiza (Cascais), para saborear o Concerto da Primavera, cujo programa incluiu obras muito famosas de dois «emblemáticos compositores russos»: o «Concerto para Piano e Orquestra nº 2 em dó menor – op. 18», de Sergei Rachmaninoff (1873-1943), composto entre o Outono de 1900 e Abril de 1901; e a «Sinfonia nº 4 em fá maior – op. 36», de Piotr Ilitch Tchaikovsky (1840-1893), escrita entre Março e Dezembro de 1877.
            Ao piano, como solista, esteve o extraordinário virtuosismo de Vasco Dantas, um português de apenas 23 anos, que começou a estudar piano aos 4 e fez a sua primeira apresentação pública aos 6!... Na verdade, se nos encantou a primorosa execução da orquestra, Vasco Dantas arrebatou fortes aplausos, tendo-nos brindado e à orquestra, no termo da primeira parte, com um notável arranjo seu do tema «Parabéns a você», alusivo ao facto de a Sinfónica comemorar o seu primeiro ano de vida. Vasco Dantas: um nome a fixar! Um enorme talento a apoiar!
            A Sinfonia nº 4, de Tchaikovsky, só ouvida! Mesmo um leigo se apercebe de que é de mui difícil execução, a exigir de cada um dos naipes grande domínio da técnica e da arte, devido, de modo especial, à necessária e mui rigorosa sensibilidade aos tempos e à modulação sonora. Delicia-nos o 3º andamento – «scherzo, pizzicato ostinato» – em que os violinos são tocados não com o arco mas sim com os dedos, para dar precisamente o pizicato, a requer atenção exímia e elevado rigor de execução. O contraste assume-se no final, «allegro com fuoco», numa girândola, diríamos, de entusiasmo, em que nos arrebata o toque vibrante da tuba, das trompas, dos trompetes e dos trombones, vigorosamente acentuado pela percussão e muito bem acompanhado pelos fagotes (notável, o desempenho de Catherine Stockwell e também de Tiago Paraíso!).
            Os músicos cumprimentaram-se efusivamente, no final da actuação. E, como eles, sentimos, na verdade, que… o serão valeu bem a pena e que havíamos participado em algo de – que se me perdoe o adjectivo – genial!
                                                              José d’Encarnação

Publicado em Cyberjornal, 07-03-2016:

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