quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Andarilhanças 54

Santos Manuel
            Deixou-nos a 29 de Julho. Para mim, será sempre a figura do eterno D. Quixote, de Yves Jamiaque, que tão bem incarnou em 1967. No palco e na vida real.
            Que descanse em paz!

«Flagrantes da vida real»
Vai entre aspas, porque é título consagrado nas Selecções do Reader’s Digest. Sempre me deliciaram. Estes não lhes chegam aos calcanhares; mas não é pecado imitar, tantos são os casos do dia-a-dia que nos tocam. Por exemplo:
Dois adolescentes, piscina do Tamariz.
            3 metros e 10. Meu pai consegue saltar e bater com os pés no fundo!
            Pai-herói. Oxalá assim se mantenha vida afora

Buzinadelas
            Cascais, 10 horas de 4-8-2012. Na passadeira da Marginal frente à estação dos correios, a senhora com grandes dificuldades de locomoção, resultantes, quiçá, de um AVC sofrido, ainda estava a meio quando o sinal vermelho caiu. Os dois condutores da frente não arrancaram enquanto a senhora não atingiu o passeio; um dos condutores da 2ª fila não perdeu, porém, a oportunidade de… buzinar! Assim, vai ter de certeza um AVC mais dia menos dia.

Fiartil
            Jantar na Fiartil a 17 de Agosto. Noite de fado com Ana Laíns, que cativou, em sugestivo cenário lusófono. Bastante público, Apesar de não se ter visto publicidade por aí, ficando-se com a ideia de que, afinal, só Festas do Mar e festival no hipódromo é que carecem de promoção (inclusive no rodapé dos e-mails camarários, imagine-se!... E as Festas do Mar mesmo bastantes dias depois de terem acabado!...), a Fiartil vale por si, mesmo que as instâncias oficiais a tratem como parente pobre.
            Tenho pena, obviamente, que já não seja do nosso artesanato. Mantiveram-se as louças do Redondo e S. Pedro do Corval, mas sem oleiros; os tapetes de Arraiolos, mas sem tecelãs. O resto, quase tudo, «artesanato» urbano. Outras mentalidades imperam, para quem o País é a Grande Lisboa e… ponto final!

Ar condicionado… condicionado!
            22 de Agosto de 2012, 17.45 h. Comboio de Cais-do-Sodré para Cascais. Três passageiras queixam-se ao revisor (que passou por alturas de Carcavelos). Não havia leque que abrandasse a caloraça que se sentia na carruagem. O revisor respondeu evasivamente, dando a entender que o ar condicionado estava avariado nessa carruagem. Uma das senhoras garantia: «Pois é, isto agora é dia sim, dia sim, sempre avariado». Alguém sugeriu ao lado ser essa a ordem superior: «Ar condicionado carruagem sim, carruagem não». «Pois é», retorquiu a passageira», «para poupança, tá visto! Nas nós é que pagamos o passe!».

Águas de Cascais
            Se se liga para as roturas, caso não haja uma rotura em acção que logo nos é explicada, é muito raro que alguém atenda antes de a chamada cair. Se se liga para o geral, dão-nos musiquinhas de xilofone e, de minuto a minuto, chega uma voz «A sua chamada encontra-se em fila de espera, se pretende aguardar, seleccione a tecla 1». Claro que vem logo também a hipótese de enviar mensagem por correio electrónico, etc... Na quinta-feira, 23 de Agosto, no começo da noite, estive um quarto de hora para ser atendido; mas… fui!

Ibiza, Miami
            10.45 h, 24-08-2012. Na piscina, os preliminares para o estender-se na espreguiçadeira para o acariciar quentinho do Sol. E dizia o senhor (vi depois que se dirigia a uma senhora, pois estava a ouvi-lo de baixo, enquanto nadava):
            – Tinha uma que comprei em Ibiza. Esta comprei-a em Miami… Material muito bom, muito bom.
            Ao sair da água, ainda tentei descobrir que preciosidade seria que Portugal não tinha. Não consegui.


 Publicado em Jornal de Cascais, nº 321, 12.09.2012, p. 6.

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