domingo, 9 de setembro de 2012

Cem vezes… património!

             Perfaz este «A Retalho» o nº 100. Desde Abril de 2003 que, na mesma pág. 10, por gentil convite do nosso prior, há uma coluna em que se tem procurado dar conta – mesmo vivendo fisicamente longe, mas espiritualmente bem perto – do que é o pulsar da tradição na nossa querida São Brás, recentemente tão fustigada pelas chamas. Um património também esse, não apenas económico, mas também paisagístico, muito nosso, que num doloroso ápice se esvaiu…
            Há mais de nove anos, portanto. Numa insistência pelo que genuinamente nos distingue: as nossas falas; os nossos comeres (ainda há dias fomos a casa de uma colega, em Sintra, que nos brindou com uma entrada bem nossa: as cenourinhas às rodelas!...); os nossos artesãos; o trabalho da pedra; o encanto da nossa paisagem salpicada de casinhas caiadas, moinhos no topo dos montes, fontes que se reencontraram…
            Alguém me escrevia em Março de 2010, a propósito do texto sobre as nossas casas tradicionais:
«Há portas lindíssimas, almofadas que são substituídas por portas de alumínio; o mesmo acontece com as platibandas e chaminés que estão a desaparecer em casas em ruínas».
Não o podemos permitir. E não apenas por força de uma qualquer portaria municipal, mas pela vontade dos são-brasenses! Essas ombreiras trabalhadas, esses lintéis datados, essas chaminés a ostentar datas e siglas constituem pedaços da nossa memória, da nossa identidade – e vamos continuar a lutar por eles, num concelho que dentro em breve vai, também ele, ser centenário!

Publicado no mensário VilAdentro [S. Brás de Alportel], nº 164 (Setembro 2012) p. 10.

Sem comentários:

Enviar um comentário