terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Jogar à espada... é giro e não só!

            Influenciados, quiçá, pelos inúmeros filmes de capa e espada que nos era dado ver, «jogar à espada» foi sempre um dos nossos passatempos favoritos na infância. Qualquer pau servia às mil maravilhas ou uma simples cana e aí vai espadeirada da rija, com riscos enormes de nos aleijarmos a sério. Mas esgrima, senhores, é uma outra coisa e nunca suporíamos que aquelas espadeiradas que se viam nos filmes resultavam, afinal, de muito estudo e bem aturado treino durante horas e horas seguidas.
            Numa iniciativa da Federação Portuguesa de Esgrima, em colaboração com o Clube Duelo, realizaram-se no sábado, 14, no Pavilhão Desportivo de Murches, os torneios abertos em cadeira de rodas e para cegos, no âmbito do Encontro Internacional de Técnicos e Praticantes de Esgrima para cegos. Estiveram presentes atletas da Itália, da Suécia, da França e de Portugal. Ocorreu depois a 3ª etapa do circuito do Torneio Nacional de Juniores, com a presença de atletas pertencentes a diversas academias.

            Sobre os resultados obtidos, remete-se, naturalmente, para a página da Federação: www.fpe.pt/ . O que, de modo especial, importa aqui frisar é o eloquente significado da jornada: a esgrima revela-se como um desporto assaz completo e o facto de se haver conseguido adaptá-la de forma a poder ser praticada por atletas em cadeira de rodas e por cegos constitui valor acrescido e digno do maior valor. E foi essa a grande revelação que de novo tive, ao passar algum tempo, na tarde de sábado, num pavilhão onde, na verdade, ainda não tinha entrado e foi para mim boa surpresa. O que também vivamente me impressionou: o ambiente descontraído, a serena sequência dos combates nesta ou naquela das oito pistas, devidamente acompanhados por árbitros e treinadores; a tranquilidade responsável com que os atletas jovens faziam os seus exercícios de aquecimento…

A tranquilidade responsável dos exercícios de aquecimento…
            Não poderá olvidar-se que tudo isso se deve, por outro lado, à tenacidade enorme de Mestre Eugénio Roque, indefectível lutador pela divulgação e prática da modalidade, apostado igualmente a mostrar – por exemplo, nas aulas que dá na Escola Profissional de Teatro de Cascais – que ninguém pode ser actor sem estar bem por dentro dos movimentos que a esgrima exige, mesmo que não se trate propriamente do «jogar à espada» que nos deliciava na infância.
            Deliciaram-me agora esses largos momentos que tive oportunidade de viver no Pavilhão Desportivo de Murches. Cascais foi, mais uma vez, um palco excepcional e diferente.
 
                                                        José d’Encarnação
 
Publicado em Cyberjornal, 17-02-2015:
http://www.cyberjornal.net/index.php?option=com_content&view=article&id=1279:jogar-a-espada-e-giro-e-nao-so&catid=26:modalidades&Itemid=29




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