Excelente
relaxar neste final de tarde, em que, fechados para o mundo exterior, acabamos
por dali sair nas asas da imaginação que o concerto espicaça. E temos a sensação
nítida de que todos os maviosos ecos da Natureza se congregaram ali, para nos
deliciar e entreter… O maestro não descansa, os músicos não tiram o olhar da
partitura, o senhor dos tímpanos aguarda tranquilamente a vez de sublinhar uma
passagem mais forte… E o público deixa-se enlevar, numa catarse…
Nokolay Lolav apresenta o espectáculo |
A assistência |
Kim Yulla |
Foi
assim. Ou melhor: foi muito mais do que isso o que se passou no final da tarde
de domingo, 8 de Fevereiro, no auditório da Senhora da Boa Nova (Galiza, S.
João do Estoril). A Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras, dirigida, na circunstância,
pelo croata Berislav Skenderovic, começou por interpretar a abertura do bailado
«As Criaturas de Prometeu», de Beethoven. A coreana Kim Yulla foi solista, ao
violoncelo (que virtuosismo, senhores!...), no concerto para violoncelo em lá
menor (opus 129) de Robert Schumann. Depois do intervalo, mantivemo-nos no Romantismo
Alemão (esse era o tema do concerto), com a conhecida «A Italiana», a belíssima
sinfonia nº 4 em lá maior (op. 90), do génio hamburguês Félix Mendelssohn, que apenas viveu –
pasme-se! – 38 anos (1809-1847).
O maestro |
Constitui
para Cascais e Oeiras um privilégio ímpar terem uma orquestra residente que amiúde
nos pode brindar com espectáculos de tão elevada craveira. Não saberei dizer –
porque não sou músico – se tocaram bem, se a interpretação foi excepcional, se
o maestro é o máximo; mas gostei muito e vi que, durante o concerto, os músicos
estavam satisfeitos e que o público, no final, os aplaudiu longamente e de pé.
A
Orquestra de Câmara de Cascais e de Oeiras foi criada no ano 2000, por
iniciativa do maestro Nikolay Lalov (o seu enorme mentor, cujo entusiasmo nunca
é de mais realçar), que, na circunstância, apresentou o maestro e o programa, e
é apoiada pelos dois municípios e pelo Ministério da Cultura, estando hoje sob
a tutela da Fundação D. Luís I. Realiza uma média de 120 espectáculos por ano.
Publicado em Cyberjornal, edição
de 10-02-2015:
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