Reuniu
o jantar pouco mais de uma centena de pessoas, entre convidados e voluntários,
e foi pretexto não apenas para confraternização
entre todos mas também para Fernando Nobre evocar, em linhas gerais, o que
foram esses 30 anos de serviço em prol dos mais desfavorecidos, nomeadamente em
ocasiões de catástrofes, em 82 países dos vários continentes, sobretudo de
África e da Ásia.
Passaram
já pela AMI cerca de 800
voluntários, de 30 nacionalidades, e foi precisamente a excelência do trabalho
voluntário que mais encómios mereceu no decorrer do jantar.
Entre
os convidados, o Dr. Fernando Nogueira, que, enquanto ministro, dispensou à AMI
a maior dedicação ; e altas patentes
dos três ramos das Forças Armadas, alguns dos quais Fernando Nobre teve ensejo
de obsequiar com a medalha da AMI, enquanto salientava o empenho manifestado
por cada um nesta nobre causa humanitária.
Para
além do emblema da AMI, os convidados foram obsequiados com um saco em que se
encontravam:
‒
O folheto ‘AMI aventura solidária’, com o convite «faça uma viagem diferente
nas suas próximas férias»: uma ida a Milagres, no Ceará brasileiro, ou à ilha
de Bolama, na Guiné, ou, ainda, a Réfane, no Senegal («o país dos
embondeiros»); uma forma de «contribuir para um diálogo singular entre
diferentes culturas e a aproximação
entre populações».
‒
O opúsculo «A missão continua», que dá conta, em mui breves linhas, da actuação da AMI, referindo-se que, «consciente da
realidade vivida em Portugal, a AMI alargou a sua área de actuação , visando minimizar os efeitos dos fenómenos da
pobreza e da exclusão social em território nacional», de que são prova os 9
Centros Porta Amiga, os 2 Abrigos Nocturnos, as 2 Equipas de Rua, o Serviço de
Apoio Domiciliário (em Lisboa) e 2 pólos de recepção
de alimentos (em Lisboa e Porto).
‒
O nº 68 (2º trimestre de 2017) de «AMI notícias», em que merecem destaque a
dinamização que a AMI empreendeu no
Bairro das Olaias, em Lisboa; os 24 anos de presença no Brasil; uma sentida
nota de reportagem sobre o que foi 1
a 19ª edição
do Prémio AMI que visa galardoar os trabalhos de jornalismo em que o motivo
seja ‘lutar contra a indiferença’.
‒
Finalmente, o magnífico livro, 2º volume de «Histórias para não Adormecer», de
170 páginas, brilhantemente ilustrado por Gisela Miravent Tavares – «sensíveis,
maravilhosas, ajustadas e numerosas», assim, no prefácio, classifica Fernando
Nobre essas ilustrações –, livro que contém 56 histórias verídicas contadas na
1ª pessoa pelos seus protagonistas, voluntários da AMI. Histórias passadas em
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Honduras, Índia, Irão, Iraque,
Líbano, Moçambique, Papua, Portugal, Republica Democrática do Congo, Ruanda,
São Tomé e Príncipe e Timor. Relatos a merecer a maior atenção , porque se prendem com a face obscura de uma
Humanidade que, em demasiados locais, se mostra de uma desumana e inconcebível
crueldade atroz, a que vem contrapor-se a abnegação
de muitos, em tarefa ingente e dolorosa. Transcrevo apenas o início do
depoimento de Jorge Andrade, «Os cantoneiros da fome»:
«Quando
vivi o momento que relato, tinha já fixado algumas das imagens que caracterizam
a miséria do povo angolano: a pobreza extrema dos deslocados de guerra, a
tristeza do olhar das crianças subnutridas, a desesperança dos estropiados
pelas minas, a fome dos meninos de rua de Luanda. Não vou esquecê-las nunca»
(p. 26).
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal [Cascais],
nº 211, 15-11-2017, p. 6. A foto é uma gentileza da direcção do jornal, que agradeço.
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