Vem
isto a propósito de os jornalistas locais teimarem – porque são condutores e
andam na rua – em dar sugestões aos técnicos camarários que superintendem nas questões
do trânsito. Nunca vale a pena. Os senhores estudaram. O trânsito é um dos
domínios mais arcanos, porque se prende com a mobilidade, a segurança e,
sobretudo, com as constantes novas teorias sobre urbanismo e espaços públicos.
Os largos passeios que obrigam ao corte de faixas de rodagem derivam
precisamente dessas novas teorias e Cascais nunca foi de ficar atrás. Sempre na
vanguarda!
Por
conseguinte, sinto-me burro velho, casmurro até mais não, embora todas as vezes
que a tentação me sobrevém, eu jure depois,
a pés juntos, que não volto a falar de trânsito. Debalde garanto que é a última
vez…
1º)
Acho que, na placa que antec ede, a
norte, a rotunda de Birre, não deveria estar indicado que, para se ir para o
Cobre, se deve ir a direito. A direito, nunca mais se chega lá. Para o Cobre,
vindo de norte, corta-se à esquerda.
2º)
Também se me afigura plausível a colocação
da placa toponímica PAMPILHEIRA na
Rotunda dos Bombeiros Voluntários. E assim se saberia que a Av. A. Amaro da
Costa corta o bairro a meio: dum lado, fica a metade oriental (a do Hospital da
CUF, do Centro de Distribuição Postal, da Controlauto, das oficinas de mecânica
automóvel e da área comercial); e, do outro, a metade ocidental, mais
sossegada, mais arborizada, por onde se ia para as pedreiras…
3º)
Considerou-se que era perigoso permitir o atravessamento da referida avenida no
cruz amento com a Rua do Cobre e
proibiu-se. Fez-se o gosto ao dedo das proibições, só por proibir, porque é
zona que até tem boa visibilidade e uma rotundazinha em área urbana… não era
por aí que o burro ia às couves (mais às couves vai – e perigosamente! – na
entrada e saída do parque da CUF pela Eça
de Queiroz, numa curva sem visibilidade…). Assim, o pessoal espreita dum lado,
espreita doutro e… transgride, que não está para ir até ao engarrafamento da rotunda
de Birre, que a gasolina anda pela hora da morte!... Pronto: fez-se o gosto ao
dedo e, para se arramalhetar (como dizia meu pai), pespegou-se a meio da
descida a placa STOP, a fim de se dar
prioridade a quem vem da Júlio Dinis. E ele há aí cada travagem!... Cada levar
as mãos à cabeça, que é um louvar a Deus! Pedi que pusessem mais salientes
aqueles refreadores de velocidade ou um
STOP bem pespegado no chão. Qual quê! Nem
resposta – que não deve o sapateiro ir além da chinela e, nos acidentes, os condutores
que se danem!
4º)
Achei que quem entra na 3ª circular ido do Cobre não tem bem a noção do caminho para o Hospital (vai-se sempre num
desaforo, já se sabe…) e é capaz de, por engano, enfiar pela A5 adentro. Bastava
pintar HOSPITAL na placa lá no cimo. Mas…
dá muito trabalho e… não vale a pena, senhor sapateiro! Importa-se de pôr meias
solas neste meu par de sapatos?...
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal (Cascais), nº 241, 2018-07-05, p. 6.
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