Perdoar-se-me-á
se, antes, volto atrás, também para explicar este forte impulso a tratar do
milagre que foi o salvamento (impossível para os homens!) desses rapazes inesperadamente
presos nas profundezas de uma gruta de repente tornada inacessível. É que,
tinha eu escassos 35 anos, traduzi, emocionado, para a Editorial Verbo, o livro «Tante grazie a te, Simona», de Sandra
Marini, a que, em português, se deu o título Obrigada, Simone! (1980). Era a história – ainda essas histórias
não sucediam como hoje… – de uma professora que lograra manter serenas as suas
criancinhas, reféns de um doido armado que lhes assaltara a escola.
O
caso (nessa altura, ficcionado) de Simona marcou a minha vida de professor;
outras circunstâncias da minha vida pessoal, profissional e comunitária vieram demonstrar-me
a importância fundamental do pensamento e da meditação, factor que foi decisivo
(todos concordam) na operação ora bem sucedida na Tailândia.
Sim,
é lugar-comum, é frase-feita, é blábláblá… dir-se-á. Seja o que se quiser
perorar. Os factos, porém, em cada um dos momentos do nosso dia-a-dia, não demonstram
que o não é? E – uma vez que estamos também envolvidos no espectáculo do
Mundial de Futebol – que é que se diz à boca cheia? Além da técnica, da
estratégia, da força física, não é a força anímica o que o treinador procura
inocular nos seus homens?
Realce,
pois, para a sabedoria oriental, chame-se-lhe Budismo, Taoismo, Hinduísmo… onde
o Cristianismo foi também beber a sua doutrina. Realce para o que, na ascética,
se designa «meditação » e, para o fim
do dia, o «exame de consciência». Momentos essenciais. Expressões ‘estranhas’
no corrupio em que se nos vai a vida – se deixarmos!...
Escuse-me,
leitor (caso me tenha seguido até aqui…), se acrescento mais dum dado pessoal.
Num período bem complicado da minha vida, há 40 anos, entregaram-me um livro
que é, hoje, meu livro de cabeceira. Das muitas frases que nele sublinhei, esta
partilho:
«Escrevemos
a história futura da nossa vida com os nossos pensamentos de hoje» (Emmet FOX,
«Le Sermon sur la Montagne», Paris, 1974, p. 78).
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde),
15-07-2018, p. 10-11
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