A Junta de
Freguesia de S. Domingos de Rana homenageou dois dos seus fregueses que se notabilizaram
nas artes do espectáculo e que já oportunamente galardoara com medalhões de
mérito cultural: Camilo de Oliveira e João Aguardela.
Camilo de Oliveira (Buarcos, 23-7-1924 / Lisboa, 2-7-2016)
Em estreita
colaboração com a Junta, preparou Ricardo
Mesquita de Oliveira mui circunstanciado repositório expositivo acerca do que foi a vida e a obra de Camilo de Oliveira.
Ricardo teve ocasião de explicar, na inauguração ,
como acompanhara, nos últimos anos, a actividade do actor e como lograra
reunir, assim, documentação preciosa
sobre o seu incansável labor. Solenemente inaugurada no salão da Junta, no dia
2, dia do 2º aniversário da morte do actor, foi subordinada ao lema «Por toda a
minha vida»; estará patente até dia 27.
Os
muitos painéis ali patentes dão conta de como, através dos espectáculos, realizados
por todo o país, Camilo soube divertir e transmitir boa disposição a milhares de espectadores.
Paula
Marcelo, sua companheira dos últimos tempos, lamentou-me, porém, em conversa
particular, o facto de o espólio do artista, cuidadosamente embalado e entregue
ao Museu do Teatro, poder vir a correr o sério risco de ficar arrumado a um
canto. Esta exposição , porém,
contraponho eu, constituirá, porventura, bom pretexto para que esse legado – e
o de tantos outros – periodicamente venha a ser disponibilizado, para público usufruto
de todos.
Camilo
de Oliveira habitou paredes-meias com a sede da Junta de Freguesia e também por
isso não podia ser esquecido, como «figura ímpar da cultura portuguesa que fez
rir gerações». Ao actor fora também atribuído o nome de uma rua na freguesia.
Alguns dos presentes na inauguração. Entre eles, Ricardo (o organizador), José Carlos Malato, Paula Marcelo e o actor Luís Mascarenhas. |
João Aguardela (Lisboa, 2-2-1969 / 18/1/2009)
Em
colaboração com o Espaço Memória do
TEC – em que campeia o dinamismo ‘histórico’ de João Vasco – quis a Junta de Freguesia
de S. Domingos de Rana homenagear outro dos seus vizinhos: o músico, compositor
e intérprete João Aguardela, que viveu no Bairro de Monte Real. Isabel Cruz e
Patrícia Simões – técnicas da Junta – e o pai do artista tão precocemente
ausente do nosso convívio deram corpo a este tributo, a que foi dado o
significativo título de «Esta Vida de Marinheiro – Dos Sitiados à Naifa, a
rasgar a vida», nome que é, de resto, o de um recente livro acerca da sua vida e obra.
Intervieram
na sessão inaugural da mostra, sob a batuta de João Vasco, Ruy de Carvalho, que
disse um poema do homenageado; alunos da Escola Profissional de Teatro de
Cascais (que mui alegremente interpretaram uma das mais populares canções de
Aguardela); o pai, José Manuel Aguardela, que teve, naturalmente, palavras de
muito reconhecimento pela homenagem…
Foi,
consequentemente, bem pleno de emoção
esse final de tarde, no Espaço Memória. Aliás, nesse mesmo espaço, a 6 e 7 de
Março de 1982, João Aguardela, de apenas 13 anos, fez parte do elenco do Grupo
Cénico Juvenil do Desportivo de Monte Real, que ali representou «O Segredo da Abelha»,
de Ricardo Alberty – e isso também foi recordado, até porque o cartaz da peça é
um dos significativos documentos que ali se apresenta.
A
memória de João Aguardela pode, pois, ali ser recordada de 5ª a domingo, das 15
às 19 horas, até 9 de Setembro.
E
muito nos regozijamos com ambas as iniciativas.
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal (Cascais), nº 243, 2018-07-18, p. 6.Diploma referente à Medalha Municipal de Mérito Cultural atribuída pela Câmara de Cascais |
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