Guilherme Cardoso, um dos arqueólogos
responsáveis pelas escavações levadas a efeito na villa romana de Freiria,
em Cascais, acaba de publicar, na revista Al-madan
Online (tomo I do volume 22, disponível na Internet a partir de sábado, 27 de
Janeiro) a identificação de uma peça cerâmica encontrada na campanha de 1988.
A parte externa do molde |
Trata-se do fragmento de molde de cerâmica «de pasta
siliciosa vermelha, manchada exteriormente de branco, características que
remetem para uma origem do molde em olarias do Norte de África».
Apresenta internamente uma curiosa decoração: «o negativo
da parte posterior esquerda de um leão, com cauda ligeiramente enrolada», uma
perna de «músculos salientes devido ao esforço, como se estivesse a saltar em corrida».
Na parte da frente, «a representação das almofadas dos dedos da pata anterior
esquerda. Por cima da anca, uma lança de ponta afiada. Por baixo, outra lança,
paralela ao corpo do leão, de cabo torneado e com ponta de aletas aguçadas a
trespassar-lhe a pata traseira».
Reconstituição hipotética do molde completo. |
Acrescenta
o investigador que estamos perante uma «forma para
fabricar pão doce, que era usado habitualmente para oferecer aos espectadores
que assistiam aos jogos nos circos, anfiteatros e teatros». E se as
representações podem aludir a cenas de circo, de anfiteatro, teatrais, eróticas
ou de naturezas mortas, um outro molde para pão doce achado em Mérida, capital
da Lusitânia, tem também um leão deitado, «revelando a importância que este
animal tinha na cultura romana».
Assinala ainda Guilherme Cardoso que «até ao momento,
este é o primeiro exemplar do qual existe referência» no território actualmente
português, o que mostra, mais uma vez, a singularidade da villa romana de Freiria.
O texto completo pode ser lido em:
José d’Encarnação
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