segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Fragmento de um molde para doces identificado na villa romana de Freiria, em Cascais.

         Guilherme Cardoso, um dos arqueólogos responsáveis pelas escavações levadas a efeito na villa romana de Freiria, em Cascais, acaba de publicar, na revista Al-madan Online (tomo I do volume 22, disponível na Internet a partir de sábado, 27 de Janeiro) a identificação de uma peça cerâmica encontrada na campanha de 1988.
A parte externa do molde
            Trata-se do fragmento de molde de cerâmica «de pasta siliciosa vermelha, manchada exteriormente de branco, características que remetem para uma origem do molde em olarias do Norte de África».
            Apresenta internamente uma curiosa decoração: «o negativo da parte posterior esquerda de um leão, com cauda ligeiramente enrolada», uma perna de «músculos salientes devido ao esforço, como se estivesse a saltar em corrida». Na parte da frente, «a representação das almofadas dos dedos da pata anterior esquerda. Por cima da anca, uma lança de ponta afiada. Por baixo, outra lança, paralela ao corpo do leão, de cabo torneado e com ponta de aletas aguçadas a trespassar-lhe a pata traseira».
Reconstituição hipotética do molde
completo.
            Acrescenta o investigador que estamos perante uma «forma para fabricar pão doce, que era usado habitualmente para oferecer aos espectadores que assistiam aos jogos nos circos, anfiteatros e teatros». E se as representações podem aludir a cenas de circo, de anfiteatro, teatrais, eróticas ou de naturezas mortas, um outro molde para pão doce achado em Mérida, capital da Lusitânia, tem também um leão deitado, «revelando a importância que este animal tinha na cultura romana».
            Assinala ainda Guilherme Cardoso que «até ao momento, este é o primeiro exemplar do qual existe referência» no território actualmente português, o que mostra, mais uma vez, a singularidade da villa romana de Freiria.
            O texto completo pode ser lido em:
  
                                                                       José d’Encarnação
 

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