Difícil
será transmitir a ímpar experiência sentida, porque um concerto assim, executado
por artistas de renome internacional, habituados a tocar nas mais celebradas
salas de música do mundo, a um concerto assim raramente nos será dado assistir.
Eu escrevi «assistir», mas essa não é, certamente, a palavra certa, porque a
música penetrou intimamente, sem dúvida, nos 150 espectadores que, indiferentes
à cacimba, os fomos ali escutar. Não assistimos: vivemos!
Falar
de virtuosismo é pouco; não acho, porém, outra palavra. O alemão Laurent
Albrecht Breuninger fazia dançar o seu violino
e todo ele vibrava: uma actuação
inigualável! A seu lado, Maria Castro Balbi, francesa de origem peruana, não
lhe ficava atrás – e do seu violino
saíram melodias esplendorosas também. Bin Chao, de nacionalidade chinesa, que
se mudou para Lisboa em 1991, foi exímio na sua violeta, ora em diálogo ora em
sintonia com a violeta do português Alexandre Delgado, lisboeta. No som macio e
grave dos violoncelos esteve a, também lisboeta, Irene Lima, docente de Música
de Câmara na Escola Superior de Música e o russo Guenrikh Elessine, um duo
amiúde em diálogo e a docemente responder aos ora maviosos ora estridentes agudos
dos violino s.
Foi
o primeiro dia, sábado, 3 de Fevereiro, das Schubertíadas, uma iniciativa da Fundação D. Luís I e do Casino Estoril. Ouvimos, de Johannes
Brahms, os quatro andamentos (deliciou-me, de modo especial, o scherzo do
segundo) do «Sexteto de Cordas nº 2 em sol maior, op. 36»; após o intervalo,
outro sexteto, neste caso em ré maior, o célebre «Souvenir de Florence», op. 70,
de Tchaikosvki, cujo quarto andamento (allegro vivace), o final, exige dos
executantes extraordinária precisão e que, francamente, a todos arrebatou, inclusive
pelo transbordante entusiasmo com que os músicos a ele se entregaram.
Momentos
de sumo deleite, que dificilmente se olvidarão.
As
Schubertíadas prosseguiram no domingo, novamente a partir das 17 horas, com
obras dos mesmos dois compositores, mas serão trios com piano: o nº 1 em si
maior, op. 8, de Brahms, e a op. 50, «À memória dum grande artista», em lá
menor, de Tchaikosvki. Ao violino , Laurent
Albrecht Breuninger; ao violoncelo, Guenrikh Elessine; ao piano, o moscovita
Alexei Eremine.
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, 04-02-2018:
Assis Ferreira, segunda-feira, 5 de Fevereiro de 2018 19:34
ResponderEliminarUm texto excelente e um comentário judicioso.
Por alguma razão, a música é essa linguagem universal que dispensa palavras e globaliza sentimentos!
Assis Ferreira
ResponderEliminarsegunda-feira, 5 de Fevereiro de 2018 19:34
Um texto excelente e um comentário judicioso.
Por alguma razão, a música é essa linguagem universal que dispensa palavras e globaliza sentimentos!