Correspondeu
assim a Junta de Freguesia a uma proposta que lhe fora feita nesse sentido,
porque o escritor passou os últimos anos de sua vida no Lar da Santa Casa de
Misericórdia de Cascais, nas Fisgas (Alcoitão), desde 1983 até ao seu
falecimento, a 18 de Junho de 2004.
Nascera
em Luanda a 17 de Agosto de 1909. Perdeu a visão aos 36 anos, como consequência
de uma doença congénita (retinite pigmentária), mas isso não o impediu de
sempre trabalhar na preservação ,
pela escrita, da memória tradicional angolana.
Publicou
15 livros, dos quais «Cultuando as Musas» (1993), o único de poesia, foi
apresentado no Teatro Mirita Casimiro, no Monte Estoril. O seu «Dicionário de
Regionalismos Angolanos», solenemente lançado em Lisboa, constitui, sem dúvida,
a sua obra maior, pelo exaustivo trabalho de pesquisa que representa. Foi o seu
penúltimo trabalho publicado, porquanto ainda teve ocasião de ter em letra de
forma mais um, «Temas da Vida Angolana e Suas Incidências», embora nunca
tivesse havido oportunidade de publicamente ser apresentado.
O
Município de Cascais atribuiu-lhe a medalha de mérito cultural e, a 26 de Maio
de 2000, em que se comemorou o Dia de África, prestou-lhe significativa
homenagem.
É
Óscar Ribas, que tem museu com o seu nome em Luanda, um dos maiores expoentes
da cultura angolana. No seu amplo quarto do Lar das Fisgas, recebia amiúde não
só as personalidades que faziam questão em o visitar como muitos alunos que da
sua boca (de «Pai Velho») gostavam de ouvir as histórias das suas peregrinações
– suas e dos seus muitos informantes – pelo território angolano em demanda do
que era típico, mormente no domínio da linguagem e dos costumes. Não pode
estudar-se a Etnologia de Angola sem referir o nome de Óscar Ribas.
Tive
ocasião de privar com ele durante bastante anos e com ele muito aprendi, por
ser, na verdade, um grande exemplo de tenacidade e de perseverança, apesar das
adversidades.
Congratulo-me,
pois, vivamente com a iniciativa da Junta. E o lugar do Cabreiro, onde agora se
evoca o seu nome, pode significar, pelo progresso que está registando e por se
encontrar assim quase dependurado nas faldas da serra, o aconchego visual que
Óscar Ribas não pôde ter, mas que nas Fisgas bem sentia, pelos temperados ares
que também ali da serra sopravam e que ele certamente imaginava verde e bonita,
não como as paisagens angolanas, mas de uma beleza diferente e inspiradora.
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, 2018-02-21: http://www.cyberjornal.net/cultura/cultura/quem-e-quem/o-nome-de-oscar-ribas-perpetuado-no-cabreiro
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