Assim
aconteceu com Um Português Derretido (A Pitoresca História de D. Álvaro Pires de
Castro, 1º Marquês de Cascais, a cuja edição ,
no ano passado, quis mui gentilmente associar a Associação
Cultural de Cascais.
Isso
mesmo sucedeu agora com a história de Faustino da Fonseca (Angra do Heroísmo,
1871 – Lisboa, 1918), que, em Três Meses
no Limoeiro, conta miudamente o que foi a sua permanência em tão sinistro calabouço,
de 7 de Agosto e 6 de Novembro de 1896, preso por ter ousado criticar, em
artigo publicado no jornal A Vanguarda, «a
falta de prestação de contas da
Câmara Municipal de Lisboa relativamente à subscrição
nacional motivada pelo Ultimato Inglês».
No
texto preliminar, datado do Limoeiro a 24 de Outubro de 1896, queixa-se Faustino
da Fonseca do seu «isolamento forçado» e, por isso, impedido de fazer outra
coisa, entreteve-se a escrever «ligeiras notas», «sem nenhumas pretensões».
Declara que vai expor «o que é a cadeia, o que foi, o que deveria ser» e
acrescenta:
«Colhi,
compilei e publico dados estatísticos inéditos».
Uma
forma, confessa, de lembrar esses «três meses longos, fastidiosos, intermináveis,
aborrecidíssimos».
Aborrecido
não vai ficar, porém, quem se der ao trabalho de o seguir nestas perto de 120 páginas,
que se lêem de afogadilho.
Congratulo-me,
pois, vivamente com a mui válida iniciativa de Fernanda Frazão.
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, 2018-02-22:
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