Mas,
género à parte, o certo é que se trata de um tipo de pintura que prima pela
curiosidade, entendendo por curioso aquilo que, de facto, prende a atenção. São
muito sui generis os pintores naïfs: distorcem a realidade como lhes
apraz; são capazes de pôr um pássaro maior que um homem (vamos lá nós saber
porquê!...); e, sem mais aquela, pintam uma árvore de cor-de-rosa velho!… Não,
não é surrealismo, terra de sonhos e fantasmagorias: é o retrato de um mundo
visto à maneira deles, bem multicolorido.
De
um modo geral, o naïf não estudou;
não sabe lá muito bem o que é isso de perspectiva, a perspectiva é a que ele vê
e bota a casa aquela num equilíbrio que só Deus sabe como é que os muros não
caem!... Isso nos delicia!
Por
isso, Lima de Carvalho se deixou encantar e luta, há 35 anos, por manter bem
acesa a chama do apoio da sua galeria a esses pintores, alguns dos quais já
consagrados internacionalmente. Por isso, abre, no próximo dia 25 (de sábado a
oito dias), a partir das 17 horas, mais um Salão Internacional de Pintura Naïf,
o XXXV. Estará patente até 5 de Setembro!
E
aqui vai, por ordem alfabética, o rol dos artistas cujos trabalhos nela
figurarão: A. Barbosa, Albino José Moreira, António Charrinho, A. Réu, Arménio Ferreira,
Augusto Pinheiro, Bento Sargento, Cecília, Conceição Lopes, Edna de Araraquara,
Elza Filipa, Emil Pavelescu, Feliciana, Fernanda Azevedo, Ivone Carvalho, José
Maria, Juan Guerra, Leonel Pereira, Luiza Caetano, Manuel Carvalho, Manuel
Castro, Maria Vilaça, Nell, Rocha Maia, Silvana e Zé Cordeiro.
António Poteiro |
Acrescente-se
que se aproveitará o ensejo para homenagear António Poteiro, que, nascido em
Barcelos, foi, ainda criança, para o Brasil, com seus pais, artesãos oleiros.
Junto deles aprendeu a trabalhar o barro, encaminhando-se depois para a pintura
dentro da linguagem naïve. Depressa
se notabilizou e «se transformou num génio da Arte Popular, convidado das
Bienais de São Paulo, premiado em grandes eventos culturais e artísticos no
Brasil e no estrangeiro, e uma referência mundial no campo da Arte Naïf»,
afirma Lima de Carvalho.
Fica,
pois, o convite para uma demorada visita!
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, 16-07-2015:
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