Uma
das tónicas mais frequentes era: aparece! Queres trabalhar em Arte? – Frequenta
inaugurações de exposições e observa como tudo se processou e não deixes de
entabular diálogo com o artista, com o promotor da iniciativa. Gostarias de ser
relações públicas de uma entidade cultural? Vê com atenção
a agenda cultural do município em que vives e aparece e vê como se faz.
Ainda
hoje é meu princípio procurar aproveitar as oportunidades que me surgem para
culturalmente me enrique cer. Com os
erros nossos e alheios se vai aprendendo. Custa-me ouvir, na manhã da Antena 1,
«O Fio da Meada» monocordicamente ‘lido’
por Susana Moreira Marques, quando deveria ser ‘dito’ e ter alma dentro. Custa-me que não se compreenda que a rádio
tem exigências vocais e não se pode dizer aaãã…
a todo o momento, antes de se começar uma frase. Aprende-se com a prática.
A
11 de Novembro, tive o privilégio de partilhar a mesa, no jantar comemorativo
dos 30 anos da AMI, com pessoas que, nesse breve tempo de uma refeição , acabaram por me ensinar muito. Com Fernanda
Freitas, a jornalista que, durante quase sete anos, teve na RTP 2 o programa
diário «Sociedade Civil» (veja-se o texto de Isabel Canha em: https://executiva.pt/fernanda-freitas-empresaria-improvavel/),
mas que abraçou de mãos cheias a causa do voluntariado, falei precisamente
desse ‘saber ler e contar’, porque ora uma das suas actividades é ler histórias
para crianças hospitalizadas. Com o capitão-de-fragata, Maurício Camilo, comandante
do navio-escola Sagres, soube que, no regresso do Cabo da Boa Esperança, se
navega à vista de costa e é precisa uma atenção
redobrada e disse-me do que era esperar por vento de feição
na zona das calmarias... Com Maria do Céu Garcia, mãe de Diana Gomes da Silva,
que é piloto de aviões comerciais e faz acrobacia aérea, fiquei a saber que,
por iniciativa da filha, todas as companhias aéreas incluem agora módulos de
acrobacia no curso de pilotos, porque aí aprendem a navegar numa emergência sem
aparelhos; e contou-me que o desastre do avião da Air France, que caiu no
Atlântico, no meio de uma tempestade, em 31 de Maio de 2009, poderia ter sido
evitado se o piloto tivesse essas noções de acrobacia, que permitem aperceber-se
melhor se o aparelho está a descer ou a subir… Quem diria? Realmente, vendo a
Diana a fazer mui arriscados ‘loopings’
no seu avião vermelho, para além do aplauso, só nos apetec e
exclamar: «Esta menina é louca!». Mas não é.
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 720, 1 de Dezembro de 2017, p. 11.
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