O Padre Amador dos Anjos, ladeado pela Doutora Manuela Mendonça, presidente da APH, e pelo Doutor Armando Martins, proponente da homenagem |
Realcei,
em Julho passado, a homenagem que então lhe foi prestada pela Academia
Portuguesa da História, ao nomeá-lo académico honorário, a galardoar assim o
seu meticuloso labor de escrever a história da Congregação
Salesiana (hoje, Fundação
Salesianos) em Portugal, Cabo Verde, Moçambique e Timor. Uma obra notável no
âmbito da educação da juventude, nomeadamente
a mais carenciada, que hoje se revê nos seus antigos alunos e nos milhares de
estudantes que frequentam as suas escolas – no Porto, em Mogofores (Anadia ), em Vendas Novas, em Évora, nas Oficinas de
S. José de Lisboa (relevante marc o
no ensino das artes gráficas em Portugal) e, também, no concelho de Cascais,
onde detém a Escola Salesiana do Estoril e a Escola Salesiana de Manique.
Particularmente
vocacionados para o ensino técnico-profissional – que, por via das absurdas
reformas levadas a cabo por sucessivos governos que o liquidaram e hoje se quer
recuperar – os Salesianos, como o Padre Amador dos Anjos consignou em livro,
continuam a deixar obra válida, no campo da educação
juvenil, pondo em prática o chamado Sistema Preventivo, que preconiza a
presença assídua dos educadores
junto dos educandos e onde, para além da leccionação
oficialmente obrigatória, se dá lugar ao teatro, à música e à prática
desportiva, no intuito de uma formação
completa. Disso é reflexo, por exemplo, a Juventude Salesiana que, no Estoril,
deu cartas e formou campeões no hóquei em patins nacional.
Como
já assinalei em Julho, tive a honra de ser aluno do Padre Amador dos Anjos, em
Manique, na disciplina de Literatura Portuguesa no ano lectivo de 1962-1963, no
meu 6º ano dos Liceus. Ainda guardo religiosamente as folhas dactilografadas
com os exercícios de análise literária que ele, na sua letra miudinha, me corrigiu
e anotou, a vermelho. Com ele aprendi, de facto, muito do que hoje sei na arte
da escrita e da interpretação
textual.
Com
a presença de cerca de uma quarentena
de amigos, antigos alunos, confrades e Filhas de Maria Auxiliadora, concelebraram
a missa cantada, de corpo presente, dezoito sacerdotes salesianos, sob a
presidência do provincial, Pe. José Aníbal Mendonça. À homilia, o provincial
salientou os momentos mais significativos da biografia do ilustre defunto e leu
depoimentos de seus amigos e companheiros da sua longa e luminosa caminhada. No
final, usou da palavra o Padre David Bernardo, que deu conta da serenidade com
que o Padre Amador se preparara para a partida, salientando um dos aspectos que
mais o cativou: a perene atitude de agradecimento que tinha para com todos os
que nestes últimos tempos lhe dispensaram cuidados.
Que
descanse em paz quem, tão diligentemente, soube espalhar o pensamento
pedagógico e sacerdotal de D. Bosco, o insigne fundador, em finais do século
XIX, da Obra Salesiana. Tempo é não de tristeza por quem parte, mas de conforto
e reconhecimento pelo exemplar testemunho que nos legou.
Cascais,
4 de Dezembro de 2017
José d’Encarnação
P. S.: O corpo do ilustre sacerdote será oportunamente trasladado para o cemitério da Galiza (Estoril), onde repousam os restos mortais dos membros da Família Salesiana falecidos no concelho de Cascais.
Domingos Barradas 5/12 às 5:10
ResponderEliminarUm grande Filho de Dom Bosco, um Salesiano português que nos enche de orgulho pela sua dedicação à Obra Salesiana em Portugal e pela sua vasta cultura. Que a sua alma repouse na merecida paz celestial. Obrigado Pe. Amador pelo legado que nos deixaste.
Pe. Rocha, 5 de Dezembro de 2017 16:04
ResponderEliminarAmigo José d’Encarnação. Que beleza e que sensibilidade a tua. Como salesiano e como amigo teu agradeço-te profundamente este teu gesto. Dignificas Dom Bosco, o Pe. Amador e tantos como eu e tu bebemos destes saberes e partilhamos dos mesmos ideais. A fonte é a mesma. Parabéns. Um grande abraço. Pe. J. Rocha Monteiro.