quinta-feira, 7 de junho de 2018

A China, tão longe e tão perto!...

            A minha sensação é mesmo essa: embora longínqua, a China sempre esteve perto de mim desde criança.
Trecho da muralha da China. Imagem escolhida
para ilustrar a página da representação chinesa
no guia oficial da Expo'98.
            Não tive colegas chineses na escola nem na Universidade; e, nesse aspecto, a imagem que me ocorre leva-me a Bordéus, ao ano lectivo de 1977/1978, quando ali se receberam os primeiros estudantes universitários chineses que vinham descobrir o Ocidente. Pasmávamos ao vê-los sempre juntos, pequeninos, todos vestidos da mesma maneira, uma farda azul, de ganga. Recordo que foram – pela estranheza que nos causavam a todos – entrevistados pelo jornal do Campus universitário e a única questão que retive foi sobre a comida, ao que eles responderam ser espantoso nós bebermos água fria à refeição, enquanto eles bebiam água quente…
            Já antes, porém, ouvira falar de «negócios da China», certamente para evocar esses primeiros contactos com os Portugueses, que trocariam coisas de nada com preciosas porcelanas. Vi, na colecção de cromos das Raças Humanas, que eles eram, de facto, pequeninos, de raça amarela, e – que confusão me fez! – as mulheres tinham como modelo de elegância os pés bem pequeninos e sofriam atrocidades para os manterem nuns sapatinhos minúsculos.
            Compreendi, ao estudar o Taoismo, no meu 1º ano da Universidade, que se tratava, na verdade, de uma civilização milenar, que privilegiava o domínio do espírito sobre o corpo, que inventara a bússola…
            E hoje, ao ir ao «chinês», a Loja do João do meu bairro, e vejo como ele e a mulher falam tão bem o português e sabem orientar-se de olhos fechados no emaranhado enorme que é a loja, vem-me sempre à mente a «viagem» que fiz no Futuroscópio de Poitiers e depois repeti na Expo 78: a visão da Muralha da China a três dimensões. Quem fez essas maravilhas… estudou muito, teve – tem! – uma enorme sabedoria!

                                   José d’Encarnação
Publicado na p. 19 da edição de Junho de 2018 de Ponto & Vírgula, revista do Gabinete de Informação e Comunicação do Agrupamento de Escolas de Marinha Grande Poente, acessível em: http://gic.age-mgpoente.pt

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