Trecho da muralha da China. Imagem escolhida para ilustrar a página da representação chinesa no guia oficial da Expo'98. |
Não
tive colegas chineses na escola nem na Universidade; e, nesse aspecto, a imagem
que me ocorre leva-me a Bordéus, ao ano lectivo de 1977/1978, quando ali se receberam
os primeiros estudantes universitários chineses que vinham descobrir o
Ocidente. Pasmávamos ao vê-los sempre juntos, pequeninos, todos vestidos da
mesma maneira, uma farda azul, de ganga. Recordo que foram – pela estranheza
que nos causavam a todos – entrevistados pelo jornal do Campus universitário e a única questão que retive foi sobre a
comida, ao que eles responderam ser espantoso nós bebermos água fria à refeição , enquanto eles bebiam água quente…
Já
antes, porém, ouvira falar de «negócios da China», certamente para evocar esses
primeiros contactos com os Portugueses, que trocariam coisas de nada com
preciosas porcelanas. Vi, na colecção
de cromos das Raças Humanas, que eles eram, de facto, pequeninos, de raça
amarela, e – que confusão me fez! – as mulheres tinham como modelo de elegância
os pés bem pequeninos e sofriam atrocidades para os manterem nuns sapatinhos
minúsculos.
Compreendi,
ao estudar o Taoismo, no meu 1º ano da Universidade, que se tratava, na
verdade, de uma civilização milenar,
que privilegiava o domínio do espírito sobre o corpo, que inventara a bússola…
E
hoje, ao ir ao «chinês», a Loja do João do meu bairro, e vejo como ele e a
mulher falam tão bem o português e sabem orientar-se de olhos fechados no
emaranhado enorme que é a loja, vem-me sempre à mente a «viagem» que fiz no
Futuroscópio de Poitiers e depois repeti na Expo 78: a visão da Muralha da
China a três dimensões. Quem fez essas maravilhas… estudou muito, teve – tem! –
uma enorme sabedoria!
José d’Encarnação
Publicado na p. 19 da edição
de Junho de 2018 de Ponto & Vírgula,
revista do Gabinete de Informação e
Comunicação do Agrupamento de
Escolas de Marinha Grande Poente, acessível em: http://gic.age-mgpoente.pt
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