Capa da revista. Lê-se na tatuagem: «llevo el mundo en mí alma» |
Hoje,
aposentado há quase 10 anos, continuo a receber mensagens de estudantes que eu
incitei a irem passar um ano ou um semestre nas universidades com que
rapidamente encetei relações. Desde muito cedo também, quando as
disponibilidades financeiras eram maiores, associei a um dos programas a
Doutora Maria Manuela Tavares e, em boa hora o fiz, porque se há hoje um
Departamento de História, Estudos Europeus, Arqueologia e Artes é porque os
Estudos Europeus, por seu intermédio, ganharam renome e grande pujança entre
nós e a nível internacional.
Não
se concebe, em 2017, o que foram esses primeiros 20 anos ERASMUS, porque se
tratava de algo verdadeiramente inovador, desprovido de skypes, WhatsApp e mesmo de mui reduzida utilização da Internet e
do telemóvel. Valia-nos o facto de os docentes das universidades parceiras
serem conhecidos e amigos. Quanta vez não telefonei aos pais dos estudantes a
garantir-lhes que os filhos estavam bem! E a facilidade que nos era
proporcionada de fazermos reuniões ora numa ora noutra universidade
permitia-nos trocar opiniões e ajuizar do que seria melhor para o futuro. O
relacionamento pessoal desempenhou papel do maior alcance, bem secundado pelas
estruturas universitárias, cujos responsáveis também acabávamos por conhecer e
tudo se tornava, por isso, muito mais facilitado.
À
fase inicial em que aos responsáveis era entregue também a gestão do
financiamento, o que permitia maior maleabilidade de movimentos, viria a
suceder, pela ordem natural das coisas, uma fase centralizadora, burocratizada a
nível institucional e de menor capacidade financeira. O programa ressentiu-se, por
isso, inclusive no que se poderia chamar de «democratização», pois o que, a
princípio, era acessível, teoricamente, a todos os estudantes, desde que fosse
bom o aproveitamento, passou a ter uma ‘discriminação’ económica, porque –
apesar de cada Universidade procurar criar estruturas de acolhimento a nível de
estada – o nível financeiro das famílias tinha de ser acima da média, para
poder suportar as despesas.
Em
todo o caso, uma experiência ímpar que marcou definitivamente a vida dos nossos
estudantes, alguns dos quais acabaram por fixar-se e constituir família nos
países para onde foram. E o mesmo aconteceu com quem veio para Portugal.
José d’Encarnação
Publicado em Rua Larga (revista da Reitoria da Universidade de Coimbra, nº 49,
Julho 2017 [comemorativo dos 30 anos do Programa ERASMUS], p. 16 (versão
inglesa na p. 17).
Margarida Anastácio
ResponderEliminar4/10 às 23:26
E que trabalho pioneiro, visionário e brilhante fez! Beijinhos amigos desde os primórdios do programa Erasmus... 💋
Bem hajas, Magui! E tu foste uma excelente 'secretária', sempre disponível para ajudar a resolver os problemas! Beijinhos retribuídos!
EliminarAntónio Chéney, 5/10 às 6:05
ResponderEliminarPrivilégio dos meninos e meninas da classe média.
Lamento, António, que tenhas essa opinião, porque não corresponde à verdade. E sempre os responsáveis pelo ERASMUS procuraram dar resposta favorável mesmo àqueles que poderiam não ter condições económicas para uma estada no estrangeiro. Preocupava-nos mais saber se tinham vontade de fazer a experiência, que o resto - os aspectos financeiros - sempre havia meios para suplantar dificuldades. E estou convicto que todas as famílias cujos filhos tiveram uma experiência ERASMUS não estão arrependidas do esforço suplementar que possam ter feito. Tu, com as notas que tinhas e o entusiasmo que punhas nos estudos só não foste para ERASMUS porque tal se não se proporcionou da tua parte, creio bem.
EliminarTeresa Silva 5/10 às 8:10
ResponderEliminarÉ verdade, Professor José d'Encarnação! Foram mesmos os temerários que avançaram! Só é pena que hoje os estudantes nacionais continuem a não aderir na quantidade que desejaríamos... São demasiado acomodados! Mas a luta continua. Bem haja pelo seu espírito de descoberta, inovação e modernidade. Beijinho grande.
Bem hajas, Teresa!
EliminarTeresa Silva 5/10 às 8:29
ResponderEliminarÉ isto que faz uma Universidade! As Universidades não são escolas para dar diplomas (não deviam ser) são escolas para capacitar o crescimento, facilitar o desenvolvimento científico e contribuir para o bem-estar e a elevação da sociedade.
Patrícia Batista
ResponderEliminarFoi uma experiência inesquecível, mas o início não foi fácil, valeu o professor sempre disponível!
Anabela Lourenço Marcos 6/10 às 9:47
ResponderEliminarErasmus, a melhor experiência que a universidade proporciona! A muitos níveis! Eu fui estudante erasmus em 93/94, há mais de 20 anos.