Ainda
no começo do mês de Setembro encontrei na recepção
de um hotel no Algarve uma senhora que passou a meninice
na Areia (povoação da freguesia de
Cascais) e nunca mais ali voltara; e eu, algarvio, vivendo perto da Areia desde
os quatro anos, andei na escola com os seus familiares, que bem conheço. Estava,
claro, bem longe de pensar que a Paula, a falar com pronunciado sotaque
algarvio, fosse natural de Cascais!...
Os
nossos jovens, mormente depois da excelente experiência que foi – e é! – o
Programa ERASMUS, de mobilidade de estudantes e de docentes, partem agora sem
problemas para o estrangeiro e o desenraizamento já não é tão grande como
outrora, graças à facilidade de comunicações, no sentido concreto de transportes
e no abstracto, de ligação telefónica
ou virtual.
Constituiu,
no entanto, para mim, uma boa surpresa a existência, desde 2013, da Orquestra
XXI, formada exclusivamente por executantes portugueses que estudam no estrangeiro.
Assisti, com gosto, no passado dia 3 de Setembro, ao concerto no Casino
Estoril, sob a direcção musical do
maestro Dinis Sousa, com Artur Pizarro ao piano, o último concerto da 9ª
digressão, que começara em Oliveira do Bairro e passara pela Casa da Música do
Porto e pela Fundação Gulbenkian, em
Lisboa. Vale a pena dar conta das cidades onde estão esses 53 estudantes:
Paris, Zurique (5), Colónia, Monte Carlo, Madrid (2), Munique (2), Berlim (7),
Trosingen, Genebra (2), Leipzig (4), Amesterdão (2), Londres (8), Lubeque,
Bruxelas, Glasgow, Detmold (3), Roterdão (3) Antuérpia (3), Hannover, Utreque,
Haia, Düsseldorf, Mannheim.
Regozijei,
porque também musicalmente senti assim a Europa mais pequena, mais unida.
Fagotes, flautas, trompas, trompetes, violinos, violoncelos, contrabaixos…
substituíram aqui, eloquente e paci ficamente,
mísseis, bazucas, metralhadoras, canhões… Um som muito mais auspicioso!
José d’Encarnação
Publicado em
Os jovens que estudam música no estrangeiro e formaram, este ano, a Orquestra XXI |
A música é isso, levita sobre um mundo doido.
ResponderEliminarTeresa Silva 5/10 às 8:21
ResponderEliminarSem dúvida, a música e as artes no geral são motores de união entre as gentes! O problema é que temos desinvestido continuamente nisso... Quando digo 'temos', refiro-me ao poder-governação, que é quem dá as carcanholas... Esperemos que se possa ainda recuperar da nossa deseducação coletiva!