Também
me aventurei no campo das Artes Plásticas, mantendo uma secção de noticiário
acerca das exposições que se iam realizando pela Costa do Sol (hoje, Costa do
Estoril). Ele era a galeria da Junta de Turismo, de saudosa memória (não faltava
a uma inauguração!); a galeria do Casino, desde os anos 60, em que foi dirigida
pelo prof. Calvet de Magalhães; a galeria JF, do escultor Óscar Guimarães (como
presidente da Junta de Freguesia de Cascais).
Era
assim a modos de eu olhar para os quadros ou as esculturas e, como estudara
História de Arte na Faculdade, contava o que eles me «diziam». Creio que a isso
se chama uma escrita «impressionista», porque relata as impressões que o
escrevente transmite.
Nunca,
porém, ousei embrenhar-me na linguagem – para mim, hermética – dos críticos de
arte. Admiro-a, tiro-lhes o chapéu, protestando a minha ignorância e
incapacidade.
E
porque é que estou agora a falar disto? Porque está patente na galeria do
Casino Estoril a exposição de António Macedo, não o apresentador do Programa da
Manhã na Antena Um, mas um portuense (n. 1955), que, depois de frequentar a
reconhecida Faculdade de Belas Artes do Porto, demandou Londres, em 1975, fez já
16 exposições individuais, participou em dezenas de exposições colectivas e também
figuraram trabalhos seus «em algumas das maiores feiras de arte mundiais».
«A entrega», óleo sobre tela, de António Macedo |
Claro,
perante isso, não pode o sapateiro ir além da chinela e, por conseguinte, tive
de ater-me a transcrever o que conceituados críticos escreveram sobre o senhor.
Um deles é espanhol e, na informação que amavelmente me foi enviada, classifica
a obra de António Macedo como um «labirinto de claridade, onde se cruzam a
realidade e o desejo, a luz ténue, o passado e o futuro, o neo-realismo e o super-realismo».
É interessante. Uma pintura intemporal. Não sei como é essa do desejo, mas deve
ser verdade. E tenho de ir ver.
O
outro crítico é o meu grande amigo Edgardo Xavier, poeta lírico até à medula e
pintor nas horas vagas (eu digo isso, porque está a escrever mais do que a
pintar). E recorto um breve trecho das frases transcritas, para se ver como eu nunca
saberia escrever assim. Garante Edgardo Xavier que António Macedo «reinventa o sentido
das formas» e as expõe «dentro de um racional equilíbrio que afirma a força dos
academismos na nova procura do que se esconde para lá da emoção meramente plástica».
Pois.
Sirva,
por conseguinte, todo este preâmbulo para incitar a uma visita obrigatória: a
exposição de 27 óleos e 10 desenhos estará patente até 20 de Novembro, diariamente,
das 15 às 24 horas.
José
d’Encarnação
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