Louvei,
em devido tempo, essa bem meritória iniciativa e guardo religiosamente os
exemplares da agenda que disso se fizeram mui louvável eco.
Custa-me
ver, por exemplo, uma Feira do Artesanato do Estoril, criada em 1964, na
sequência do Mercado de Abril que se realizava em Belém, onde, hoje, só há
praticamente o chamado «artesanato urbano», indiferenciado, e se deixaram de
convidar os que fazem os bonecos de Estremoz (hoje Património Cultural da
Humanidade) ou uma Rosa Ramalho, que dava continuidade à típica louça de
Barcelos. Custa dinheiro a sua deslocação das terras de origem e, por isso,
essa Fiartil (com ressaibos internacionais…) deixou de ser o reclame para a
louça de Molelos e de Bisalhães ou para as bilhas de Nisa.
Artesanato
autêntico moldado à maneira tradicional consolida saberes e mostra como os
antigos sabiam fazer das tripas coração e assim aproveitavam tudo quanto a
Natureza gratuitamente lhes oferecia: o esparto, a palma, o vime…
Consolou-me,
pois, saber que se inaugurara, a 20 de Janeiro, p. p., «em pleno coração da
vila», a Casa do Artesão, com a finalidade expressa de «apoiar o artesanato e a
produção local», na certeza de que, desta sorte, se iria criar também «um novo
pólo de interesse turístico». Sim, criar-se-á, de facto, se se seguirem à risca
as linhas da tradição; se se incentivarem os jovens a calcorrear as pisadas de
seus avós; se à tradição – a manter – se aliar, aqui e além, um toque de
modernidade aliciante.
José d’Encarnação
Publicado em Noticias de S.
Braz [S. Brás de Alportel] nº 256, 20-02-2018, p. 13.
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