sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Andarilhanças 64

Romano Esteves
            Todos os anos a Sociedade Propaganda de Cascais brinda os seus associados com um postal de Boas Festas que veicula um pouco da história da instituição. Um gesto mui oportuno, que Joaquim da Piedade Aguiar houve por bem introduzir, para que as memórias se não percam.
            Este ano, recordou-se a figura do «pintor e revolucionário» Francisco Romano Esteves (1882-1960), o 1º presidente da Comissão de Propaganda de Cascais (de 12-3-1934 a 8-4-1935). É dele o quadro realista «Explicação do avô», patente no Museu dos Condes de Castro Guimarães.

Obras
             Cascais – a vila e o interior – andam numa azáfama pegada. Obras por tudo quanto é sítio; «desvio» é a placa amarela mais presente nas nossas vidas quotidianas: andamos sempre num desvio! Por vezes, não se sabe lá muito bem porquê, mas… também é normal que os senhores que mandam nestas coisas de pôr placas e deixá-las mesmo depois dos trabalhos prontos sejam nossos bons amigos e assim contribuam para que não criemos hábitos e lutemos contra a doença de Alzheimer. O pior é se esses desvios, como amiúde acontece, não só não se encontram em bom estado como nos obrigam a um trajecto muito mais longo, com o consequente aumento do consumo de combustível numa época em que todos – mas todos! – estamos a apertar o cinto! Numa palavra: não há respeito!

Rua Dr. Viegas
No dia 6 de Fevereiro, surpresa: a Rua Dr. Fernando Baptista Viegas, frente ao tribunal de Cascais fora arranjada, depois de anos a fio as viaturas andarem ali como num carrossel, pois o pavimento abatera pouco depois da construção do parque subterrâneo. Quando por ali passava, o povo perguntava: «Mas não há quem veja isto?». Já viram. Demorou muito, mas viram. Em boa hora!

Caça à multa
            Um amigo enviou-me imagens que mostram como os agentes policiais põem, mui disfarçadamente, os radares, a fim de caçarem multas a quem anda distraído. Todos os pretextos são bons: uma carrinha de caixa aberta como se estivesse empanada, a esquina de uma antiga casinha de cantoneiros…
Só há uma forma de os dissuadir: cumprir! E, quando se não está de acordo com determinada regra, reclamar e verificar se, na verdade, essa regra cumpre as regras de implantação. Por exemplo, no caso de uma estrada municipal, se está exarada no verso a deliberação camarária que a estipulou… Nem sempre está – e, por conseguinte, não tem valor!

Agenda do… Executivo
Fui surpreendido, na sexta-feira, 8, por receber, do Gabinete de Imprensa da CMC, «a agenda do Executivo da Câmara Municipal de Cascais para o período compreendido entre os dias 9 e 15 de Fevereiro de 2013».
Não posso deixar de aplaudir, porque a Câmara não é apenas o seu Presidente (até agora, era-nos enviada a agenda do Presidente, só) mas todo o seu Executivo e não é obrigatório que o Presidente vá a todas, pode delegar num ou noutro vereador. Talvez também seja esta uma forma de os demais vereadores começarem a aparecer, nomeadamente nas iniciativas que mais directamente se prendem com os seus pelouros. Congratulo-me.
Claro, é compreensível: há aqui já uma pontinha de campanha eleitora; mas releve-se esse pormenor em favor da maior visibilidade de uma equipa!

Misericórdias cimentam união
            A Misericórdia de Cascais assumiu, por intermédio da sua Provedora, a presidência do Secretariado Regional de Lisboa da União das Misericórdias Portuguesas. Terceira idade, saúde, sustentabilidade, educação constituem os pilares em que vai doravante assentar a sua acção, na procura incessante de um trabalho em equipa cada vez mais efectivo. Juntos mais se logrará alcançar!

Despesas
            Não, não vou comentar os tão badalados 13 000 euros que, segundo veio na Comunicação Social, a autarquia cascalense terá gasto em promoção da sua imagem junto da Internacional Socialista, que escolheu Cascais para a sua reunião. Refiro-me a ‘pequenas coisas’ que, ao olhar do cidadão comum, não têm sentido ou, pelo menos, se lhe afiguram despropositadas em tempos de contenção. Sim, eu sei que é preciso dar de comer aos senhores das tipografias (que andam pelas ruas da amargura), aos designers gráficos (que esmolam de porta em porta), mas… era mesmo preciso mudar o nome do Serviço Meteorológico Nacional de Portugal, que nós comummente chamávamos de Serviços Meteorológicos e todos percebíamos, para Instituto Português do Mar e da Atmosfera?
            E, numa altura em que se começaram a divulgar notícias sobre peixe que estava a ser vendido em más condições de higiene e de conservação, gasta-se dinheiro em vultosas campanhas contra a apanha de peixe miúdo (ai, lá se vão os meus deliciosos joquinzinhos e os choquinhos à algarvia!...) e, por outro lado, uma organização dependente ou patrocinada pelo Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (não havia nome mais curto, que é que se lhes há-de fazer?...), a Fileira do Pescado (www.fileiradopescado.com), faz esbeltos cartazes em excelente papel couché e distribui a consultórios médicos e outras entidades, por via postal, uma circular, datada de 21 de Dezembro de 2012, no âmbito da campanha «Pescado é Saúde!», incitando a que se divulgue essa ideia: coma-se peixe! Certo. Mas… se, em vez disso, angariassem mais apoios para os nossos marítimos e lograssem fiscalizar mais eficazmente os nossos pesqueiros, dado que falam outra língua, que não a nossa, os que devastam os nossos cardumes, é sabido…? Benza-os Deus!
 
            Publicado em Jornal de Cascais, nº 331, 13.02.2013, p. 6.

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