terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Formação, vocação e inovação turísticas

             Como todos os profissionais, também o agente turístico, qualquer que seja a actividade a desenvolver, se vê diariamente confrontado com estas duas imprescindíveis realidades: formação e inovação.
            «Formação» não significa «dar forma», tal qual o oleiro molda um boneco e ele assim fica, estático; o conceito é, ao invés, dinâmico, implica actualização permanente, porque permanente é a alteração quotidiana das conjunturas em que somos chamados a actuar.
            Nesse sentido, formação consubstancia em si duas vertentes: a aparentemente passiva, de aquisição de conhecimentos, mormente através de leituras e de humilde aprendizagem com os mais experientes; e a activa, que parte fundamentalmente da iniciativa de cada um, da sua vontade de saber mais.
E entra aqui uma outra palavra, amiúde esquecida, que desempenha uma função primordial: a vocação! Se o «agente turístico» não se sente bem na sua pele; se não tem propensão para fazer apreciar a Natureza, o Património Cultural nas suas múltiplas manifestações; se “viagem” para conhecer gentes, novos costumes e novos horizontes não exerce sobre ele particular fascínio – o melhor é procurar outra ocupação, porque não se encontra suficientemente  motivado e será um fracasso.
            Com essa dinâmica se prende a inovação. Quando, no colóquio «Turismo em Portugal. Passado. Presente. Que Futuro?», realizado, a 8 de Maio deste ano de 2012, na Escola Superior de Turismo e Hotelaria do Estoril, por iniciativa da Fundação António Quadros, Armando Rocha falou que importa oferecer emoções e José Guilherme Victorino recordou, ao evocar a acção de António Ferro, a sua frase «Quando o hóspede deixar de ser mencionado pelo seu nome, a pousada perde o seu significado», senti que, inclusive atendendo às mais recentes experiências vividas, por aí se tinha de caminhar.
No livro O Principezinho, de Saint-Éxupéry, a raposa insiste: «Cativa-me! Porque, se me cativares, eu deixarei de ser para ti uma raposa e passarei a ser a raposa». O agente turístico carece de seguir essa lição: inovar para cativar, para que a sua actividade, as suas iniciativas, o seu empreendimento não sejam mais um, mas assumam para o cliente o carácter de singularidade, que... cativa! Como se, da jarra do corredor do hotel onde te encontras hospedado, te convidassem a pegar livremente numa flor e gentilmente a oferecesses, como tua, à pessoa amada!...
                                                                                 
Publicado em: Abranja, N., Alcântara, A. A., Carneiro, I. Coelhoso, F., Ferreira, R. V., Marques, A. P., Pereira, A. C. & Teixeira, D. (Eds), Turismo Formação e Inovação. Mangualde: Edições Pedago, 2012, p. 32.

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