«Balas» a gente sabe o que são:
atiram-se com intenção de magoar e, até, de matar. «Purpurinas» já é mais
complicado e há que ir ao dicionário. Lá diz que é um «insecticida extraído da
raiz da ruiva» ou, ainda, «bronze moído, misturado com óleo, e que forma uma espécie
de verniz». Insecticida e bronze moído… que irá sair daí? Coisa boa não será,
decerto! Venenosa há-de ser!
Pois
«Balas e Purpurinas» foi o título dado pela ArtFeist (a companhia
que tem como ícones os irmãos Feist, Henrique e Duarte) ao espectáculo que
estreou, a 29 de Março, no auditório do Casino Estoril e que aí vai manter-se
até ao próximo dia 29, de quinta a sábado, às 21h30, e ao domingo às 17h00. Em subtítulo
se explicita o conteúdo: «O Lado B da Eurovisão».
Compreende-se:
uma viagem pelos bastidores, por aquilo que pode suspeitar-se, se suspeitou,
mas não se viu. Uma hora de bem divertida panorâmica disso mesmo, da influência
das políticas nos insondáveis pormenores de um espectáculo que move milhares,
encanta milhões e, por isso mesmo, os poderes têm o olho nele, não vão os
actores pôr o pé em ramo verde e daí venham maus tratos para os interesses
instituídos e em jogo.
Rimo-nos,
pomos a mão na consciência, ficamos esclarecidos e, sobretudo, encantados com o
dinamismo sequencial do espectáculo e as brilhantes actuações de vozes bem
modeladas, versáteis, capazes de se adaptar aos mais diversos estilos musicais.
Dora, Catarina Pereira, o
próprio Henrique Feist (o irmão, o Nuno assina a direcção musical), Valter Mira e Augusto Gonçalves deliciam-nos com o seu virtuosismo vocal,
servido pela ajustada coreografia de Marco Mercier.
Por
conseguinte, como é natural, um espectáculo que vivamente se recomenda.
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal,
2018-04-12:
Sem comentários:
Enviar um comentário