terça-feira, 24 de abril de 2018

Patrimoniices cascalenses 4


 

                                          

Ora então descubra lá:
Onde é que isto está?

            Acertou! É uma das mais notáveis carrancas que ornamentam, na Rua de Olivença, no Estoril, as cocheiras de Santos Jorge, aqui veiculada por um bonito desenho que ficamos a dever ao génio artístico de Almeida Ferreira e que foi capa, em 1993, do livro, de Maria Amélia Brandão de Azevedo, «Costa do Estoril Tempo de Poesia».
            «Ali vêem passar comboios atrás de comboios. Gente atarefada, cansada, alegre. Por ali passam turistas e gente que vai prá praia», escrevi no prefácio. E é verdade: por ali tem passado muita gente, inclusive os que, roubando ferragens, madeiras, tudo, pouco a pouco contribuem para que o edifício se degrade a olhos vistos, aos olhos de todos, sem que aqueles que têm poder algo se resolvam a fazer para estancar a desgraça.
            A Doutora Raquel Henriques da Silva, no seu notável artigo sobre a arquitectura de veraneio publicado no «Arquivo de Cascais» (7, 1988, p. 93-174), conta (p. 124-125) como o arquitecto Joaquim Norte Júnior as projectou em 1914, sendo de muito admirar o facto de, seguindo os ditames aprendidos na Escola de Belas Artes de Paris, ter dado maior realce às cavalariças do que à casa de habitação que elas serviam, «como se o conforto burguês devesse ceder aos encantos inesperados de um provisório abrigo». E assim, conclui a historiadora, o arquitecto livremente decidiu, com «um gosto exótico, pessoal e indisciplinado» «vestir as cocheiras com os ornatos habituais de um palácio».
            O certo é que, mesmo assim ornadas, as cocheiras não vão durar muito.

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