Ora então descubra lá:
Onde é que isto está?
Onde é que isto está?
Acertou! É uma das mais notáveis carrancas
que ornamentam, na Rua de Olivença, no Estoril, as cocheiras de Santos Jorge, aqui
veiculada por um bonito desenho que ficamos a dever ao génio artístico de
Almeida Ferreira e que foi capa, em 1993, do livro, de Maria Amélia Brandão de
Azevedo, «Costa do Estoril Tempo de Poesia».
«Ali
vêem passar comboios atrás de comboios. Gente atarefada, cansada, alegre. Por
ali passam turistas e gente que vai prá praia», escrevi no prefácio. E é
verdade: por ali tem passado muita gente, inclusive os que, roubando ferragens,
madeiras, tudo, pouco a pouco contribuem para que o edifício se degrade a olhos
vistos, aos olhos de todos, sem que aqueles que têm poder algo se resolvam a
fazer para estancar a desgraça.
A Doutora Raquel Henriques da Silva,
no seu notável artigo sobre a arquitectura de veraneio publicado no «Arquivo de
Cascais» (7, 1988, p. 93-174), conta (p. 124-125) como o arquitecto Joaquim
Norte Júnior as projectou em 1914, sendo de muito admirar o facto de, seguindo
os ditames aprendidos na Escola de Belas Artes de Paris, ter dado maior realce
às cavalariças do que à casa de habitação que elas serviam, «como se o conforto
burguês devesse ceder aos encantos inesperados de um provisório abrigo». E
assim, conclui a historiadora, o arquitecto livremente decidiu, com «um gosto
exótico, pessoal e indisciplinado» «vestir as cocheiras com os ornatos habituais
de um palácio».
O certo é que, mesmo assim ornadas,
as cocheiras não vão durar muito.
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