Lançou
mãos o Comendador Joaquim Baraona à
elaboração do livro «Rotary Clube de
Cascais-Estoril – Meio Século ao Serviço de Cascais, da Comunidade e do Rotary Internacional»,
que tive a honra de apresentar, no passado dia 5 de Maio, por ocasião do almoço
comemorativo do 48º aniversário do clube.
Antes
de sintetizar, a traços largos, as reflexões que tive oportunidade de fazer,
direi que estiveram presentes membros de clubes amigos; foram lidas mensagens
de congratulação ; entregou-se um donati vo à Associação
Jerónimo Usera, uma IPSS com sede na Abuxarda e que tem como patrono o fundador
do Instituto do Amor de Deus. O autor agradeceu todo o apoio recebido –
nomeadamente do companheiro, desde a primeira hora, Alberto Maia e Costa,
grande entusiasta pela concretização
deste sonho – e apresentou uma panorâmica do que tem sido a actividade do clube,
designadamente em prol da comunidade cascalense. Não esqueceu, por exemplo, o monumental
presépio anualmente colocado na «rotunda de Cascais» (a Praça Sá Carneiro),
assim como a desfeita perpetrada na Câmara quando esta deliberou colocar em
esconsa escadaria a placa comemorativa dos 650 anos de elevação de Cascais a vila, que inclusive era previsto
ser acompanhada por alusivo painel de azulejo, tudo oferta do Rotary.
A
sessão teve, naturalmente, o costumado ritual das sessões rotárias com a saudação às bandeiras, a apresentação
dos membros e convidados, assim como os discursos da praxe.
O homem e a obra
«A Montanha» é o título
do livro, apresentado a 15 de Novembro de 2001 no Aparthotel Equador, que
consigna apontamentos biográficos de Joaquim
Baraona. Natural de Ourique (23 de Setembro de 1930), o autor pode, na verdade,
assemelhar-se a uma montanha, na impressão que ela nos dá de fortaleza e
desassombro.
O Governador do Estado do Espírito Santo, Dr. Geron Camata, condecora Joaquim Baraona |
Em
Cascais se notabilizou como empreendedor. Por isso, o COPCON o perseguiu, o que
o obrigou a fugir para o Brasil, onde, na cidade de Vitória do Espírito Santo,
de tal modo se evidenciou que lhe foi atribuída uma comenda. Ao assumir a função de provedor da Santa Casa da Misericórdia de
Cascais, não descansou enquanto não modernizou e ampliou o hospital, pertença da
instituição . Recordo-me de que logo
aí foi pioneiro: com orgulho me mostrou como as canalizações, ao contrário do
que se fazia até então, ficavam fora das paredes, para mais fácil reparação em caso de rotura.
Cedo
se dedicou ao jornalismo. Quando, por desentendimento com a direcção do Dramático, a equipa de João Martinho de Freitas
abandonou o jornal «A Nossa Terra», para fundar, a 25 de Abril de 1964, o
«Jornal da Costa do Sol», Joaquim
Baraona, perante a eminência de tão tradicional órgão de comunicação local vir a desaparecer, não hesitou em assumir
a Direcção . Eram as instalações numa
água-furtada do edifício colado aos Paços do Concelho. Aí me recebeu quando, no
Outono desse ano de 1964, me propus como redactor.
Viria
a fundar, mais tarde, o «Tribuna Regional», onde os seus textos não davam descanso
às entidades governativas, locais e centrais, na defesa dos legítimos
interesses das comunidades.
Foi
visionário ao projectar para cada região ou município a série de publicações Personalidades, de que apenas acabou por
publicar, com muito êxito, os dois volumes de Personalidades da Costa do Estoril (1995 e 1996). Foi visionário ao preparar para a zona
de Ourique – ainda se não pensava em Alqueva nem se sonhava com turismo rural… –
um grande empreendimento, que implicaria a componente venatória, a pesca, o desenvolvimento
integrado.
O
livro ora dado à estampa consubstancia eloquentemente essa sua trajectória, em
que sempre preconizou que não basta fazer, é preciso dizer que se faz, é
preciso consignar em papel a memória – para que conste.
Constitui
o Rotary uma instituição de benemerência,
fiel ao lema de «dar de si antes de pensar em si». Ao longo de quase 150
páginas se dá conta do que fez: o patrocínio à actividade das escolas, a
concessão de bolsas de estudo, o apoio financeiro a entidades de solidariedade
social… Registam-se os nomes, porque a obra se fez e se faz com pessoas!
Estamos
gratos por, entre uma intervenção cirúrgica
e outra, Joaquim Baraona ter
arranjado tempo, disposição e inquebrantável
força anímica para levar a bom termo esta tarefa. Estamos gratos por o Rotary Clube
de Cascais-Estoril, sem alardes, sem convocar multidões, prosseguir, na
serenidade, o seu caminho de bem-fazer – como este livro claramente vem
demonstrar.
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, edição de 08-05-2018:
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