quarta-feira, 9 de maio de 2018

A actividade rotária em Cascais foi consignada em livro

              Lançou mãos o Comendador Joaquim Baraona à elaboração do livro «Rotary Clube de Cascais-Estoril – Meio Século ao Serviço de Cascais, da Comunidade e do Rotary Internacional», que tive a honra de apresentar, no passado dia 5 de Maio, por ocasião do almoço comemorativo do 48º aniversário do clube.
            Antes de sintetizar, a traços largos, as reflexões que tive oportunidade de fazer, direi que estiveram presentes membros de clubes amigos; foram lidas mensagens de congratulação; entregou-se um donativo à Associação Jerónimo Usera, uma IPSS com sede na Abuxarda e que tem como patrono o fundador do Instituto do Amor de Deus. O autor agradeceu todo o apoio recebido – nomeadamente do companheiro, desde a primeira hora, Alberto Maia e Costa, grande entusiasta pela concretização deste sonho – e apresentou uma panorâmica do que tem sido a actividade do clube, designadamente em prol da comunidade cascalense. Não esqueceu, por exemplo, o monumental presépio anualmente colocado na «rotunda de Cascais» (a Praça Sá Carneiro), assim como a desfeita perpetrada na Câmara quando esta deliberou colocar em esconsa escadaria a placa comemorativa dos 650 anos de elevação de Cascais a vila, que inclusive era previsto ser acompanhada por alusivo painel de azulejo, tudo oferta do Rotary.

            A sessão teve, naturalmente, o costumado ritual das sessões rotárias com a saudação às bandeiras, a apresentação dos membros e convidados, assim como os discursos da praxe.

O homem e a obra
            «A Montanha» é o título do livro, apresentado a 15 de Novembro de 2001 no Aparthotel Equador, que consigna apontamentos biográficos de Joaquim Baraona. Natural de Ourique (23 de Setembro de 1930), o autor pode, na verdade, assemelhar-se a uma montanha, na impressão que ela nos dá de fortaleza e desassombro.
O Governador do Estado do Espírito Santo,
Dr. Geron Camata, condecora Joaquim Baraona
            Em Cascais se notabilizou como empreendedor. Por isso, o COPCON o perseguiu, o que o obrigou a fugir para o Brasil, onde, na cidade de Vitória do Espírito Santo, de tal modo se evidenciou que lhe foi atribuída uma comenda. Ao assumir a função de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Cascais, não descansou enquanto não modernizou e ampliou o hospital, pertença da instituição. Recordo-me de que logo aí foi pioneiro: com orgulho me mostrou como as canalizações, ao contrário do que se fazia até então, ficavam fora das paredes, para mais fácil reparação em caso de rotura.
            Cedo se dedicou ao jornalismo. Quando, por desentendimento com a direcção do Dramático, a equipa de João Martinho de Freitas abandonou o jornal «A Nossa Terra», para fundar, a 25 de Abril de 1964, o «Jornal da Costa do Sol», Joaquim Baraona, perante a eminência de tão tradicional órgão de comunicação local vir a desaparecer, não hesitou em assumir a Direcção. Eram as instalações numa água-furtada do edifício colado aos Paços do Concelho. Aí me recebeu quando, no Outono desse ano de 1964, me propus como redactor.
            Viria a fundar, mais tarde, o «Tribuna Regional», onde os seus textos não davam descanso às entidades governativas, locais e centrais, na defesa dos legítimos interesses das comunidades.
            Foi visionário ao projectar para cada região ou município a série de publicações Personalidades, de que apenas acabou por publicar, com muito êxito, os dois volumes de Personalidades da Costa do Estoril (1995 e 1996). Foi visionário ao preparar para a zona de Ourique – ainda se não pensava em Alqueva nem se sonhava com turismo rural… – um grande empreendimento, que implicaria a componente venatória, a pesca, o desenvolvimento integrado.
            O livro ora dado à estampa consubstancia eloquentemente essa sua trajectória, em que sempre preconizou que não basta fazer, é preciso dizer que se faz, é preciso consignar em papel a memória – para que conste.
            Constitui o Rotary uma instituição de benemerência, fiel ao lema de «dar de si antes de pensar em si». Ao longo de quase 150 páginas se dá conta do que fez: o patrocínio à actividade das escolas, a concessão de bolsas de estudo, o apoio financeiro a entidades de solidariedade social… Registam-se os nomes, porque a obra se fez e se faz com pessoas!
            Estamos gratos por, entre uma intervenção cirúrgica e outra, Joaquim Baraona ter arranjado tempo, disposição e inquebrantável força anímica para levar a bom termo esta tarefa. Estamos gratos por o Rotary Clube de Cascais-Estoril, sem alardes, sem convocar multidões, prosseguir, na serenidade, o seu caminho de bem-fazer – como este livro claramente vem demonstrar.


                                                              José d’Encarnação

Publicado em Cyberjornal, edição de 08-05-2018:
 

Sem comentários:

Enviar um comentário