sábado, 19 de maio de 2018

Acolher quem nos procura!

              Acolhimento é palavra que diariamente nos assalta, ilustrada pelas imagens lancinantes de tantas famílias que fogem dos cenários da guerra sobretudo no Médio Oriente. Um prato que fazem questão em nos servir às refeições, saberemos quiçá, um dia, com que real finalidade, pois os responsáveis das nações continuam a dar mais importância aos benefícios que a guerra lhes traz, mesmo que, para os auferirem, os direitos humanos sejam mui religiosamente postergados…
            S. Brás de Alportel consagrar-se-á, porém, como um dos oásis procurados não por esses refugiados exangues mas pelos europeus, que vão sabendo que por aqui podem contar com um clima apreciável, uma biodiversidade preservada e mui singular hospitalidade.
            Regozijo-me, por conseguinte, que a autarquia são-brsaense tenha criado, em 27 de Novembro de 2006, o Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes. Na edição do mês de Março (p. 31), se fez um balanço da actividade que o Centro vem desenvolvendo, digna, sem dúvida, do maior encómio, pelo que representa de atenção às pessoas por parte da Câmara Municipal.
            Nessa local se anota que, de acordo com os dados oficiais, S. Brás tinha, em 2016, 10 662 residentes que integravam 51 nacionalidades diferentes. 10% da população! E sublinhava-se que essa diversidade cultural constituía «uma das maiores riquezas do concelho», justamente porque as diversas instituições locais lhe estão a prestar a maior atenção. Dentre elas, cumpre naturalmente destacar o Museu do Trajo através das múltiplas actividades que apoia e que fomenta.
            A intenção é continuar. E bom seria que «migrantes» fossem também, cada vez mais também, descendentes dos são-brasenses que, nas décadas passadas, se viram forçados a procurar subsistência em outras terras de Portugal e do estrangeiro. Até para proporcionarem, com o imprescindível apoio camarário, a reabilitação de tantas habitações e propriedades agrícolas que por aí jazem abandonadas.

                                                                       José d’Encarnação

P. S.: Congratulo-me com o interesse despertado pela crónica da passada edição acerca duma festa de beneficência no Corotelo. Realço o comentário de Sofia Silva, que agradeço:

            «A minha família é da zona interior do concelho de Loulé e também por lá se fizeram muitos eventos destes… Como a minha avó dizia “eram tempos de miséria”. Como eu digo, eram tempos com gente de muito valor!
            Deu-me a curiosidade… Será que não se trata de Agosto de 1957? Nesse ano, os dias 17 e 18 são ao fim de semana…»

            Fica assim esclarecida a data: 1957!

Publicado em Noticias de S. Braz [S. Brás de Alportel] nº 258, 20-05-2018, p. 13.

4 comentários:

  1. marizebrito@sapo.pt
    sábado, 19 de Maio de 2018 18:21

    Muito obrigada pela sugestão. De facto, neste mundo global, fará sentido a palavra estrangeiro?... Afinal somos todos habitantes desta grande casa que, às vezes, tanto maltratamos... Ainda bem que S. Brás gosta e sabe receber bem!

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  2. De: Maria Manuel Valagao
    domingo, 20 de Maio de 2018 11:30

    Olá Zé,
    Obrigada por ires pontuando sobre coisas.
    De facto, S. Brás tem cada vez mais, todos os dias aumentam os fluxos, pessoal de nacionalidades diferentes.
    Migrantes,
    veraneantes,
    residentes,
    tudo compõe um muito simpático e diversificado jardim humano naquela terra.
    MM

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  3. De: victor brito
    sábado, 19 de Maio de 2018 11:12

    Essa preocupação com a felicidade dos outros é mais uma virtude digna de registo que
    caracteriza o traço distintivo da personalidade do meu ilustre amigo e patrício José d'Encarnação.
    Bem haja!

    VB

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