quinta-feira, 3 de agosto de 2017

ADUFE – revista cultural de Idanha-a-Nova

             Sempre preconizei que o município, além do boletim onde, por força da lei (amiúde não cumprida), dá conta da actividade administrativa, deve promover a cultura em geral e a sua cultura de modo especial.
  
Coruja-do-mato

A revista ADUFE, do concelho de Idanha-a-Nova, é disso um bom exemplo. De periodicidade anual, já vai no nº 24, o de 2016, último que me chegou às mãos (peço desculpa de só agora a ele me referir).
            Bilingue (português – inglês), 128 páginas profusa e magnificamente ilustradas, abre com o editorial assinado pelo presidente da Câmara, Palma Jacinto, que justamente realça a distinção mundial que hoje detém a sua cidade, pois desde Dezembro de 2015 que a UNESCO a declarou «Cidade Criativa» na área da Música; e «Reserva da Biosfera» em 2016, a assinalar os 10 anos da criação do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional.
            Se tudo isso é motivo de orgulho, acentua, também implica «imensa responsabilidade». As classificações, os prémios (digo eu) trazem notoriedade, a nível nacional e internacional, mas obrigam a que os municípios e, sobretudo, os seus gestores consciencializem a necessidade de manter o dinamismo: o empurrão inicial carece de continuado acompanhamento. Isso, aliás, tem feito Idanha e permita-se-me que aproveite para louvar a recente (e de há muito esperada!) aquisição da mansão da família Marrocos, logo à entrada de Idanha-a-Velha, convertível, segundo o que está planeado, em «hotel de charme», expressão ora muito em voga, que acarreta, no entanto, uma responsabilidade enorme, no que concerne à manutenção e, sobretudo, à sua utilização em termos de rendibilidade. E aí voltaríamos ao tema das acessibilidades, da promoção correcta e sustentada dos vestígios da importante cidade romana que jaz a seus pés… 
            Perdoar-me-á o leitor se fugi ao tema. Sucintamente, então, recupero o fio à meada: nesta edição da Adufe, «sons com música» trata de instrumentos musicais; «flores raras» debruça-se sobre o património vegetal (com desenhos magníficos!); «.pt» dá conta dos casais estrangeiros que chegaram ao território, por ele se enamoraram e por lá estão; «asas no escuro», um olhar perspicaz sobre as aves nocturnas; «Tejo», o rio que une e as suas encantadoras paisagens; Josefina Pissarra, de Penha Garcia, e os seus preciosos petiscos tradicionais…
            Enfim, mil e uma razões para, um dia destes, se abalar até um ‘mundo’ por que mui facilmente nos deixaremos seduzir!
 
                                                                     José d’Encarnação
 
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 713, 1 de Agosto de 2017, p. 11.
 





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