quinta-feira, 26 de maio de 2011

Andarilhanças 2

Parque do Rio dos Mochos
Vale a pena publicitá-lo, que o espaço merece ser saboreado, ali por entre a vegetação do leito deste ribeiro que o povo chama de «rio» e que brota no Mato Romão, ali onde se exploraram pedreiras.
Dificuldade se tem, no entanto, para abrir a entrada norte. Para um leigo no assunto, o que aconteceu foi que o arquitecto paisagista não se terá apercebido da dificuldade que o declive impunha e há que remodelar aí o percurso.
Demora.

Parque Penhas do Marmeleiro
Mais um em que os serviços camarários não quiseram estudar nos livros. Teriam facilmente visto que é Marmeleiro e não Marmeleira. Também aqui, tal como aconteceu na Pedra do Sal, em S. Pedro, vai demorar tempo a corrigir a grafia.


Aliás, aí o tempo pára quando vamos de visita. E a criançada continua a não poder utilizar os aparelhos: foram implantados num… charco! E a casinha do ‘forte apache’ houve energúmenos que a queimaram.


SOS Animal
Inauguração oficial no passado sábado, 21. Fica na Praceta D. João I, em Caparide, Clínica / Sede da SOSAnimal, uma das associações que mais tem pugnado pelos animais de companhia, nomeadamente na busca de adoptantes para animais abandonados [ver www.sosanimal.com].
Um «projecto, muito sonhado e sofrido, que é, finalmente, uma realidade»!
Parabéns, votos do maior êxito e… que os sócios apareçam!
Contactos: telefone, 218044981; e-mail: clinica@sosanimal.com

Tardanças…
Dava tanto jeito que o empreiteiro se apressasse, sobretudo agora que a estrada Alcoitão – Manique só tem sentido ascendente por causa das obras! Há quanto tempo se engonha no troço entre a Quinta do Patinho e o cruzamento da Luta!... Os engarrafamentos para a rotunda no centro de Alcoitão contribuem eficazmente para exagerado consumo de combustível. Era um presente que a autarquia nos poderia dar se lutasse para que as obras andassem mais velozes!
Dava tanto jeito!

Travessa Fernão Lopes, na Pampilheira
Eu percebo a intenção, mas a realidade não corresponde ao que artificialmente os técnicos camarários quiseram fazer crer.
Não, não é verdade que essa travessa, frente à Clínica CUF Cascais, seja… um beco sem saída! Tem saída e até nem seria mal que a placa fosse retirada. Aliás, não tem indicação de resolução camarária no verso, pelo que, decerto, foi ali plantada por alguém que lhe deu na veneta pôr. Sem mais nem menos!

Publicado em Jornal de Cascais, nº 268, 25-05-2011, p. 6.

Andarilhanças

O uso de «antigo»
A propósito do que escrevi sobre o uso do ex-, relembrou-me um vizinho que eu deveria também explicar o uso errado da palavra ‘antigo’. É estranho, de facto, dizer-se que António Capucho é o antigo presidente da Câmara!... Pode afirmar-se de alguém que é o ex-provedor da Misericórdia; no entanto, o melhor será sempre dizer-se «que foi provedor da Misericórdia». Antigo ‘cheira’ a velho; ‘ex’ sabe a excluído!

Recados à Finlândia e ao Reino Unido
De parabéns a Câmara Municipal de Cascais por, nas Conferências do Estoril, ter apresentado um delicioso documentário – que está a correr mundo, graças a Deus e à Internet (o Senhor que me perdoe!) – a ensinar aos Finlandeses um pouco de história de Portugal. E, ao que parece, também se antoja a hipótese de fazer outro, expressamente dedicado aos senhores ingleses, os tais da «velha aliança» que não perderam a oportunidade de nos lançar um ultimato e que, quando para cá vieram ajudar-nos a lutar contra o Napoleão (em função dos seus interesses, pois que só chegaram depois de lhes abrirmos os portos do Brasil…), foi preciso fazermos uma revolta para eles se irem embora… Faça-se o documentário, embora eu ache que não vale a pena! O chá eles aprenderam, mas foi só o das cinco!
E, já agora que estamos em maré de vídeos, não se poderia fazer um para candidatos a deputados, a ensinar-lhes os dados mais salientes da História de Portugal?

Bairro José Luís
O Relatório de Contas – Exercício de 2010 da EMGHA – Gestão da Habitação Social de Cascais, EM, SA ocupou 4,5 páginas de publicidade, que muito jeito irão dar aos cofres de Jornal de Cascais. Bom exemplo. Virá a ser seguido por outras empresas municipais?
A propósito: os moradores do Bairro José Luís, vulgo «Bairro Operário», que é da jurisdição da EMGHA, interrogam-se, preocupados, acerca do seu futuro.
Recorde-se que se trata de um dos primeiros bairros sociais de Cascais (1933), devido à benemerência do Conde de Monte Real, que para aí projectou um empreendimento social ímpar, que se estenderia até ao Cobre (pela actual Pampilheira oriental), num total de 238 fogos, de que só se fizeram 11 e de que apenas subsistem 8 (os 3 mais perto da avenida foram demolidos e, em seu lugar, crescem as ervas…).
Para, de certo modo, manter o espírito benemerente do doador, a Câmara, depois de o terreno ter sido mato durante cerca de 30 anos, optou por o vender em lotes, que destinou a cooperativas de habitação (as moradias) e a prédios de rendimento em regime de renda condicionada, com a condição de se dar prioridade de arrendamento a funcionários administrativos do concelho e, também, aos operários e técnicos da Standard Eléctrica, a primeira grande unidade fabril instalada no concelho, no Mato Romão (hoje, S. Gabriel). No canto sudeste, houve lugar para as «pequenas indústrias»: o estaleiro naval, oficinas, uma fábrica de malhas; mais recentemente, o centro de distribuição postal, a inspecção automóvel e a Clínica CUF. Bom negócio!

A newsletter da Residência Sénior
Mais uma cedência aos hábitos vindos de fora, quando, em português vernáculo, temos tantas palavras: boletim informativo, notícias, informações… Mas não: optou-se pela… newsletter, que até enche a boca ao pronunciar!
Saúde-se, pois, o aparecimento desta folha informativa electrónica da Residência Sénior Doutora Maria Ofélia Leite Ribeiro, em Alcoitão, da Santa Casa da Misericórdia de Cascais. Chama-se «Serviços Sénior» e o nº 00 data de Março/Abril, uma «edição muito especial», como escreve o seu responsável, Luís Lopes: «Em primeiro lugar, porque disponibilizamos para os nossos amigos, voluntários e colaboradores e clientes informação em primeira mão sobre o muito que fazemos e como fazemos»; em segundo lugar, porque «pretendemos dar informação útil para a melhoria da qualidade de vida com temas escritos pelos nossos técnicos e que o podem ajudar no dia-a-dia».
Votos, pois, de continuidade!

Publicado em Jornal de Cascais, nº 267, 18-05-2011, p. 4.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Uma campanha eleitoral limpa... nos tempos romanos!

Amiúde, as forças partidárias ou os candidatos proclamam que não vão perturbar o ambiente, quer do ponto de vista da poluição sonora quer, sobretudo, visual. Prometem não mandar fazer muitos cartazes, porque, assim, se poupa papel e, indirectamente, menos árvores precisarão no futuro de vir a ser abatidas. Prometem não sujar as paredes, respeitar a propriedade alheia.
Tudo muito boas intenções. O que talvez se não imagine é que já no tempo dos Romanos era assim!
Numa inscrição mandada gravar, aí pelos finais do século I da nossa era, por Caius Pompeius Meidugenus em honra da divindade pré-romana Bormânico, encontrada em Caldas de Vizela, lêem-se, no final, estes dois versos latinos:

Quisquis • honorem • agitas • ita • te • tua gloria • servet praecipias puero • ne linat • hunc lapidem.

As traduções até agora apresentadas não têm tido em devida conta, a meu ver, os comentários feitos pelos epigrafistas do século XIX, designadamente Leite de Vasconcelos e o alemão Emílio Hübner.
Na verdade, estamos perante frase retirada claramente dum contexto de propaganda eleitoral, onde se declara poder redundar em prestígio do candidato o facto de ele chamar a atenção dos seus colaboradores, nomeadamente os jovens escravos encarregados de pintarem propaganda, de que não devem sujar esta inscrição.
Uma tradução, ainda que não exactamente à letra, do citado texto pode ser a seguinte:
«Tu, quem quer que sejas, que anseias por honras, que deste modo te sirva para tua glória que ordenes ao escravo que não suje esta lápide».
Por aqui se vê como já em tempo de Romanos havia bons e maus hábitos, no que concerne aos comportamentos políticos. E já poderia reverter em glória de um candidato a cargos públicos («honras») o facto de ele dar ordens expressas aos seus boys (perdoe-se-me o anglicismo, mas… é essa, no plural, a tradução em inglês da palavra latina puer… já então!...) para respeitarem inscrições alheias!

Publicado no quinzenário de Mangualde, Renascimento, 15-05-2011, nº 570, p. 13.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Fomos por aí…

Canteiros
Cumpriu-se o ritual. Em Trajouce, num barracão que cheira a museu, tantos são as antiguidades expostas, os canteiros de S. Domingos de Rana atacaram o Maio, na caldeirada da tradição, no dia 1º. Evocaram-se tempos idos, em que a exploração e o trabalho da pedra era actividade principal no concelho, depois da lavoura; fizeram-se juras de a continuarem a manter… Que lhes não falte coragem nem incentivos!

Ribeira de Trajouce
O almoço foi ao lado da Ribeira de Trajouce,. Em plena povoação. A ribeira fede. Não é limpa há vários anos.

Equipamentos para o lazer
É deveras surpreendente a panorâmica dos equipamentos disponibilizados, ao longo dos últimos anos, pelos executivos da Câmara e das freguesias do concelho de Cascais para actividades de lazer. Aliás, o mesmo está a acontecer por todo o País, tanto nos núcleos urbanos do litoral como nos do interior – o que muito apraz registar.
Espaços ajardinados e com bancos; parques infantis; campos para a prática de jogos; pistas para aqueles malabarismos em patins, de sobe-e-desce; o circuito de manutenção no paredão; pequenos anfiteatros aqui e além, a sonharem com concertos ou espectáculos; os chamados ‘parques urbanos’… Enfim, rosário longo de coisas boas, a que só falta… utilização!
Mentalizemos novos e velhos para de tudo isso usufruírem. Não hesitem! E que a maravilha que acontece no Parque Marechal Carmona, sempre a abarrotar de povo, tenha eco noutros locais!

Parque gratuito
No parque de estacionamento subterrâneo à entrada do Parque Palmela, o letreiro indica «Parque gratuito». No dia 1; perguntei à ESUC, sua gestora, se era para continuar, com o que, naturalmente, muito nos congratularíamos, pois, dada a sua localização, ele serve em exclusivo para os utilizadores do Parque Palmela e do paredão, ou seja, para actividades não-comerciais. Não recebi resposta até ao momento em que escrevo (dia 7, às 16.30 horas).
[Post-scriptum: A ausência de resposta mantém-se (12.10 h. de 12-05-2011)].

Largo dos tanques (Cobre)
Já existe o projecto para a sua reabilitação. A praça de táxis está mal instalada. A paragem do autocarro, junto ao ecoponto. Os tanques – estes – já não têm a serventia para que foram pensados, têm… outras! O chafariz não está no local primitivo…
Demorará muito para que o bonito projecto se concretize no terreno?

Areia – falta ainda sinalização
Depois de muitas insistências, lá se conseguiu que a povoação da Areia (freguesia de Cascais) fosse mencionada numa das placas da Av. A. Amaro da Costa. Mas, ao que parece, ao artífice só encomendaram uma placa e eram precisas mais. Na saída norte da Torre, por exemplo, pela estrada que bordeja a Marinha.


Publicado em Jornal de Cascais, nº 266, 11-05-2011, p. 6.

A pau e corda

Se o bloco, pela sua qualidade e dimensão, poderia destinar-se a uma serração, havia todo um conjunto de operações destinadas a pô-lo a jeito para ser carregado numa camioneta ou num camião.
Evoco o que se passava nos anos 50 e 60, antes da introdução de potentes guindastes, como, já atrás, se falara da execução manual do furo para o tiro sem recurso aos modernos e rápidos compressores.
Por conseguinte, com o auxílio de macacos e do carpão, usando rolos de madeira e alavancas, cuidadosamente se fazia a adequada deslocação daquelas toneladas todas que o bloco seguramente pesava.
Caso tivesse sido ‘esquartejado’ pelo cabouqueiro, ali ficavam os bocados à espera de que um dos canteiros, acabada a peça que tinha entre mãos, o escolhesse, de acordo com o seu gosto, mestria e conveniência do serviço. O canteiro trabalhava de empreitada, ganhava conforme as peças que fazia; o cabouqueiro e os trabalhadores, na cova, trabalhavam à jorna; e todos recebiam, habitualmente, no fim da semana, que era, nesse tempo, às cinco da tarde de sábado.
Engatavam-se as correntes à pedra; enfiava-se-lhes um pau roliço em cima e, aos ombros de dois homens (protegidos por pedaços de sacas), lentamente se caminhava cascalheira acima até ao local onde o canteiro habitualmente trabalhava. No jeito de ‘atacar’ a pedra estava o segredo, feito de muita experiência acumulada...
(continua)
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel], nº 148 (Maio 2011) p. 10.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Estamos por aí…

Rancho da Musical
Já nestas páginas se noticiou, mas não se me levará a mal se voltar à informação, dada, a meu ver, a sua importância: o Rancho Coral e Coreográfico festejou os seus 50 anos. Podem ver-se no Facebook (Sociedade Musical Cascais) o álbum de fotografias que documentam o que foi essa sessão. Além dos discursos da praxe, houve entrega de emblemas comemorativos e de camisolas aos membros que têm levado o nome de Cascais não apenas aos turistas que nos visitam mas também ao Brasil e a vários cantos do mundo. A exposição documental na sede da Sociedade, ali no Alto da Pampilheira, é disso eloquente testemunho.
E que lhes não faltem meios e entusiasmo para prosseguir!

Necrologia
Pode parecer estranho, mas é seguramente a secção dum jornal local que mais contribui para criar comunidade.
Em Cascais, agora, com frequência só sabemos que alguém morreu, muito tempo depois de o passamento ter ocorrido. Creio que não seria nada difícil, com o apoio das agências funerárias operantes no concelho.

Nascente na Praia da Duquesa
Fiquei admirado, pois tanta vez por ali passara e nunca de tal me dera conta. Em período de maré baixa, vê-se perfeitamente a nascente de água doce que brota na ponta ocidental da Praia da Duquesa. Confirmou-me o empregado de mesa de um dos restaurantes que, no Verão, amiúde a Polícia Marítima até tem de vedar o sítio, para os banhistas se não enterrarem lá.

Fez um acordo com o extinto IPPC
Há, na RDP, antes da 9 horas, «Lugares-comuns», um breve mas assaz interessante apontamento de Mafalda Lopes da Costa, que explica a origem e significado de frases do nosso dia-a-dia, sobre cuja razão raramente nos interrogamos.
A RTP, com Diogo Infante, Maria Flor Pedroso e um convidado, semanalmente nos ensinam a arte de bem falar, corrigindo erros, explicando grafias: é o “Cuidado com a Língua!", às segundas-feiras, em horário nobre, imediatamente após o Telejornal.
Boas iniciativas, a aplaudir.
Aqui vai, agora, uma achega, que por várias vezes se vê: a utilização do ex- ou do antigo. Outro dia, no painel introdutório de uma exposição, dizia-se que ela fora começada a programar com o extinto IPPC. Também não é raro ler-se: isto é obra do ex-presidente da Câmara. Se lermos com atenção, verificamos o erro: não se pode programar nada com uma entidade extinta; quando se programou ela estava bem viva! Por isso, basta dizer que houve colaboração com o IPPC. Do mesmo modo, determinada opção política não foi, seguramente, obra de um ex-presidente, mas sim de alguém enquanto presidente.


Publicado em Jornal de Cascais, nº 265, 04-05-2011, p. 6.

Propaganda eleitoral… à romana!

Aproxima-se a campanha eleitoral. Desta vez, houve solene promessa, por parte dos grupos de interesses partidários, de que se diminuiria drasticamente a poluição visual dos excessivos cartazes.
Também se perdeu o hábito de pintar essa propaganda nas paredes, reservando-as – em jeito de Muro das Lamentações… – para os lancinantes gritos da indignação popular contra os abutres.
Pompeios foi, como se sabe, a cidade romana que – juntamente com Herculano – ficou subitamente soterrada pelas lavas vomitadas pela erupção do vulcão Vesúvio, no ano 79 da nossa era. Mortífera para toda a população (raros terão sido os que lograram escapar), a lava consolidou depois e, sob essa imensa camada, tiveram os arqueólogos, a partir de 1748, a surpresa de encontrar o instante da morte, uma cidade que de repente parou. Cenas tocantes de amor – no gesto da mãe a proteger o filho, dos cônjuges que se enlaçam no momento da partida…
E, nas paredes das casas que dão para as ruas, subsistia, pois, a colorida pintura dos dizeres de veementes campanhas eleitorais.
Eram as cidades romanas governadas pelos duúnviros, o correspondente ao nosso presidente da Câmara. Dois – para que as decisões fossem tomadas de comum acordo. Num cargo de duração anual (o tempo, nessa altura, escorria mais devagar…) – para que se não criassem vícios e se mantivesse saudável rotatividade. E, para ratificar deliberações mais importantes, lá estava a assembleia dos decuriões, constituída pela sábia experiência dos magistrados anteriores…
Pois são esses nomes que aparecem nas paredes de Pompeios, seguidos, por exemplo, da palavra ROG(at), «pede» o teu apoio para o elegeres… Por aí sabem os historiadores quem eram as famílias influentes. Por aí se sente, afinal, mais de dois milénios passados, o pulsar duma cidade viva!

Publicado no quinzenário de Mangualde, Renascimento, 01-05-2011, nº 569, p. 13.