quinta-feira, 12 de maio de 2011

A pau e corda

Se o bloco, pela sua qualidade e dimensão, poderia destinar-se a uma serração, havia todo um conjunto de operações destinadas a pô-lo a jeito para ser carregado numa camioneta ou num camião.
Evoco o que se passava nos anos 50 e 60, antes da introdução de potentes guindastes, como, já atrás, se falara da execução manual do furo para o tiro sem recurso aos modernos e rápidos compressores.
Por conseguinte, com o auxílio de macacos e do carpão, usando rolos de madeira e alavancas, cuidadosamente se fazia a adequada deslocação daquelas toneladas todas que o bloco seguramente pesava.
Caso tivesse sido ‘esquartejado’ pelo cabouqueiro, ali ficavam os bocados à espera de que um dos canteiros, acabada a peça que tinha entre mãos, o escolhesse, de acordo com o seu gosto, mestria e conveniência do serviço. O canteiro trabalhava de empreitada, ganhava conforme as peças que fazia; o cabouqueiro e os trabalhadores, na cova, trabalhavam à jorna; e todos recebiam, habitualmente, no fim da semana, que era, nesse tempo, às cinco da tarde de sábado.
Engatavam-se as correntes à pedra; enfiava-se-lhes um pau roliço em cima e, aos ombros de dois homens (protegidos por pedaços de sacas), lentamente se caminhava cascalheira acima até ao local onde o canteiro habitualmente trabalhava. No jeito de ‘atacar’ a pedra estava o segredo, feito de muita experiência acumulada...
(continua)
Publicado em VilAdentro [S. Brás de Alportel], nº 148 (Maio 2011) p. 10.

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