segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Património urbano de Viseu

          

            
Tem-nos brindado Alberto Correia, sem interrupção, com publicações da mais variada índole, a chamar a atenção para as tipicidades – físicas e imateriais – de Viseu e do seu distrito. Envergando, desde a juventude, o traje do Património e da História, encanta-nos – além disso – com a sua esmerada prosa, bem alimentada de localismos (para que se não olvidem!).
            Desta feita, o livro mais recente tem o significativo título de Urbanidades, pois que nos leva a passear pela freguesia de Viseu, a mostrar-nos o sentido íntimo de cada edifício. Vem na página da esquerda a foto, a preto e branco (como convém, para que melhor se sinta, sem distracções, a nudez do testemunho); na da direita, a explicação.
            Logo o título sonhado para cada texto nos enleva e nos seduz, sem que seja possível passar além, sem paragem de mui atenta leitura.
            Ora veja-se:
            – Viseu. A estranha leveza da História.
            – O Pórtico do Fontelo. Porta do Céu evocada.
            – Palacete dos Silva Mendes. Uma serena memória.
            – Igreja da Misericórdia. Hino de amor.
            Dá gosto passearmo-nos assim, envoltos neste sereno halo de poesia. Falam essas pedras seculares; mas nem todos se apercebem da mensagem transmitida, nem todos param, em admiração, a ler esses ecos d’outrora.
Pela mão sábia de Alberto Correia nos deixamos ir:
«Quem olhar numa manhã de luz mansa a frontaria da Igreja da Misericórdia recortada num céu de poente julgará estar defronte de uma gigantesca mansão fidalga e quase esperará ver assomar à varanda distantes figuras de damas e cavalheiros distraídos de uma festa».
Demoremo-nos, então, a ver se as damas assomam!

                                                           José d’Encarnação

Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 872, 26-11-2024, p. 10.