Tem-nos brindado Alberto Correia, sem interrupção, com publicações da mais variada índole, a chamar a atenção para as tipicidades – físicas e imateriais – de Viseu e do seu distrito. Envergando, desde a juventude, o traje do Património e da História, encanta-nos – além disso – com a sua esmerada prosa, bem alimentada de localismos (para que se não olvidem!).
Desta
feita, o livro mais recente tem o significativo título de Urbanidades,
pois que nos leva a passear pela freguesia de Viseu, a mostrar-nos o sentido íntimo
de cada edifício. Vem na página da esquerda a foto, a preto e branco (como
convém, para que melhor se sinta, sem distracções, a nudez do testemunho); na
da direita, a explicação.
Logo
o título sonhado para cada texto nos enleva e nos seduz, sem que seja possível
passar além, sem paragem de mui atenta leitura.
Ora
veja-se:
–
Viseu. A estranha leveza da História.
–
O Pórtico do Fontelo. Porta do Céu evocada.
–
Palacete dos Silva Mendes. Uma serena memória.
–
Igreja da Misericórdia. Hino de amor.
Dá
gosto passearmo-nos assim, envoltos neste sereno halo de poesia. Falam essas
pedras seculares; mas nem todos se apercebem da mensagem transmitida, nem todos
param, em admiração, a ler esses ecos d’outrora.
Pela mão sábia
de Alberto Correia nos deixamos ir:
«Quem olhar
numa manhã de luz mansa a frontaria da Igreja da Misericórdia recortada num céu
de poente julgará estar defronte de uma gigantesca mansão fidalga e quase
esperará ver assomar à varanda distantes figuras de damas e cavalheiros
distraídos de uma festa».
Demoremo-nos,
então, a ver se as damas assomam!
José d’Encarnação
Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 872, 26-11-2024, p. 10.