terça-feira, 4 de janeiro de 2022

O Homem, espécie vulnerável

           Muitos de nós terão apreciado já o vídeo em que o dinossauro Frankie The Dino decide entrar na sede da ONU, onde, a 31 de Outubro, ia começar a Cimeira do Clima (a 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas).

Enorme, Frankie vai até ao púlpito e, perante o assombro amedrontado dos participantes, faz o discurso. Conta como é que a sua espécie se extinguiu e avisa que, a continuarmos assim, também a espécie humana depressa se extinguirá. «Não escolham a extinção!», suplica no final, «já basta o que nos aconteceu!».

Afina pelo mesmo diapasão o habitual postal de Boas Festas, enviado aos seus amigos pelo Doutor Jorge Paiva, do Instituto Botânico da Universidade de Coimbra, acérrimo paladino da biodiversidade.

Flores de pau-brasil
          E se a primeira imagem do postal mostra as encantadoras flores do pau-brasil, a segunda é a fotografia dele próprio, Jorge Paiva, não por ele mas como um dos muitos milhões de seres humanos, também eles, como o pau-brasil, em risco verdadeiro de extinção, caso se continuem a desrespeitar as leis da Natureza.

Não há – sabemo-lo bem – dia nenhum em que não sejamos acordados com a notícia de inundações, os glaciares da Antártida a desfazerem-se, um tufão, um terramoto, um ciclone, um espojinho… Espojinho era o nome que se dava, no campo, a um remoinho, que nos levava o chapéu pelos ares, nos arrebatava num ápice as folhas da mão. Era! Agora, os espojinhos são tornados que, de um momento para o outro, vindos do nada, tudo viram do avesso!...

Há que agir.

Já.

«Se nada for feito», conclui Jorge Paiva no seu bilhete postal, «a desertificação aumentará drasticamente; os ciclones aumentarão em número e violência e os incêndios florestais serão mais devastadores. Chegará o momento em que não haverá para onde migrar, pois vivemos numa enorme gaiola e não há planeta próximo com condições para a vida humana. Actualmente, somos já uma espécie vulnerável».

                                                     José d’Encarnação

Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 813, 01-01-2022, p. 12.

 

1 comentário:

  1. Deste bonito e oportuno texto, podemos apreender a anunciada extinção humana. Se a desertificação é um dado adquirido, se não há recursos que possamos explorar, se este mundo é a única casa de todos e ela ruir, o que será dos homens? Mas antes talvez se imponha outra pergunta: o que fazem os humanos para inverter o curso da devastação e impedirem o seu desaparecimento do mapa? Muito grata por esta oportuna chamada de atenção.

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