quarta-feira, 1 de janeiro de 2025

Tema obrigatório?


            Resisto habitualmente a escrever sobre tema de calendário.
            O Natal, por exemplo, não me inspira, inclusive porque, nessa época, tanta gente o analisa que se corre sério risco de ser banal e desprovido de interesse.
            Por outro lado, embora seja festa, a todos os títulos, justificável, não me encanta por aí além, nomeadamente pela ensurdecedora algazarra comercial que a sufoca e por o presépio tradicional estar, também ele, sufocado pela árvore e por aquele senhor que supostamente vem da Lapónia.
            Abro uma excepção, neste ano dos meus 80. Primeiro, em acção de graças; depois, porque não enjeito o halo poético de que a festividade se envolve.
            Recordarei sempre João Baptista Coelho: anualmente me fazia chegar um poema, amiúde apenas simples quadra, onde superiormente lograva condensar sábios objectivos desejavelmente concretizáveis pelos humanos sapientes.
            Este ano, foi a vez de Aurora Madaleno me obsequiar com o livrinho, de sua autoria, «Momentos Meus de Natal», onde compendiou breves trechos e os versos com que, desde 2004, tem presenteado os amigos. Transcrevo uma dessas quadras singelas:
 
                   Reine paz, reine alegria,
                   Brilhem luzes como estas.
                   Quero cantar neste dia
                   Boas Festas! Boas Festas!

            Paz, alegria, luzes, canto – as palavras necessárias, as palavras urgentes.

            As palavras a viver todos os dias!

                                                                       José d’Encarnação

Publicado em Renascimento (Mangualde), nº 873, 20-12-2024, pág. 10.

 

 

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