quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Os meios de comunicação locais

No dia de Carnaval, durante perto de uma hora, ao final da manhã, Cascais esteve sem energia eléctrica.
Hoje, boa parte dos aglomerados familiares têm o seu telefone fixo ligado a um dispositivo eléctrico (moden) que activa a televisão, o telefone e o acesso à Internet. Isso significa que, se não houver telemóvel, se fica sem possibilidade de contacto. Aliás, a falha de energia eléctrica também pode afectar os postos retransmissores de telecomunicações.
Foi uma simples falta de energia em dia, embora frio e chuvoso, mas sem prenúncio de tempestade ou de catástrofe. Mas… se catástrofe houvera? Se inundações acontecessem?... Numa circunstância dessas, agarrava-se, naturalmente, no velhinho rádio transístor, a pilhas, que porventura ainda houvesse em casa, a fim de saber o que se passava, como agir… Esquecemos rapidamente a grande revolução que foi a invenção do transístor, que permite ao pastor perdido pelas encostas saber das notícias do mundo ou ao velhinho do lar acompanhar, ao ouvido, o relato de futebol da sua equipa favorita.
E é nessas circunstâncias que volto a recordar-me daquela cena em que o director de uma rádio local, em reunião para formação de uma espécie de «comissão de catástrofe», sugeriu que a rádio deveria ter um gerador próprio e o solicitou, por isso, à Protecção Civil. A resposta? Claríssima: «Quer um gerador? Compre-o!». Coitado do interlocutor, que de protecção civil pouco devia perceber e, se calhar, estava ali porque o partido lhe fizera o jeitinho…
Não há rádio de proximidade no concelho de Cascais, também porque nem os que ‘dão cartas’ nos órgãos autárquicos nem os agentes económicos alguma vez se importaram com isso; nunca perceberam – ou parecem não ter percebido… – a importância de uma rádio de proximidade. Nem rádio nem jornais.
E é pena! Se calhar, é o único concelho do País que não se interessa com isso. Está próximo de Lisboa, julga que vive à sombra da capital. Quanto se engana!

Publicado no Jornal de Cascais, nº 208, 23-02-2010, p. 4.

Post-scriptum: Esta crónica foi preparada muito antes da tragédia que se abateu sobre a Madeira. Infelizmente, a tragédia veio confirmar a nossa razão; e também se mostrou que não foi maior, por aí existirem ainda muito vivas as relações de vizinhança.

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