terça-feira, 23 de outubro de 2012

Os braços que hoje nos faltam!

            É um dó d’alma! Passeamo-nos por esta S. Brás de terras férteis, boas águas, hortas verdinhas, oliveiras carregadas, alfarrobeiras ora em flor numa esperança de boa colheita… E, ao lado, há amendoeiras cujos frutos secaram na árvore. Figueiras de figos pelo chão ou a apodrecer por entre as folhas. Até as ameixeiras e as romãzeiras clamam por quem lhes colha os frutos gerados pelas noites, pelos dias de calor, pela brandura das manhãs e pela brisa fresca da tarde…
            Clamam – e ninguém lhes acode!
            Faltam braços. Já não há quem se aventure a pendurar-se nas ramadas, quem queira pegar numa vara, quem se dobre no chão para apanhar o que o varejador deitou por terra nos panos adrede estendidos…
            A lamúria vai por aí desde os píncaros do Cerro Botelho ou do Alto da Fonte da Murta até à Soalheira, ao Malhão e passará para as campinas já do outro lado do cômoro…
            Riqueza que prodigamente a Natureza nos dá e braços não há para a acolher. Já os figos não secam no almanxar. Já se não descascam amêndoas: o trabalho que dão não compensa os míseros cêntimos que rendem...
            Por quanto tempo assim será? Por pouco, acho eu, que rapidamente se terão de criar atractivos para que à terra se volte e a riqueza se aproveite.

[Publicado em Notícias de S. Braz [mensário de S. Brás de Alportel], nº 191, 20-10-2012, p. 15].

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