Mas
Edgardo Xavier faz questão também, neste livro de poemas recentemente
apresentado – Escrita Rouca, edição
de Insubmisso Rumor, Junho de 2016 –, de se dizer natural do Huambo (Angola,
1946) e de proclamar que «tendo vivido em vários locais do território de
Angola, cresceu em liberdade plena e cultivou a amizade como um valor fundamental».
Cultivou e cultiva! E escrever isto aos 70 anos e em meados de 2016 detém um
significado profundo!...
Declara também que «cursou seis anos de
Medicina» e se «destacou como crítico de artes plásticas (A. I. C. A.,
Portugal) e artista plástico». Pronto: uma personalidade de múltiplas
experiências, que ora decisivamente se voltou para a Poesia e nos vem brindando,
nos últimos tempos, com praticamente um livro por ano.
Desta
Escrita Rouca, por onde perpassa do
princípio ao fim, num vívido diálogo lírico, amoroso, com a Mulher Amada (e
ponho com maiúsculas porque se impõe!), os críticos literários dirão o que eu
nunca saberei dizer com palavras. Quero, porém, garantir, para já, que o livro
é – também! – um poderoso manifesto pela necessidade de se continuar a publicar
em papel: a textura escolhida pela editora e a maquetização de Carla Pinto
falam por si. Lidos no Facebook,
estes poemas não têm a força que do papel impresso se desprende! Não.
Não
resisto, porém, a agarrar (ia a escrever «ao acaso», mas eu não acredito no
acaso…) nos quatro últimos versos de «Primeiro Amor». Sim, que poderá dizer-se
do primeiro amor que não soe a banalidade, a frase feita? Edgardo Xavier
termina assim esse poema:
«Amar
era doce. / Amar doía. / Era como beijar cardos e sangrar sorrisos. / Eu
crescia».
Que
retrato mais fiel se poderia traçar?
José d’Encarnação
Publicado em Cyberjornal, 21-06-2016:
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