É
que, em sessão presidida pela Ministra
da Cultura. Dra. Graça Fonseca,
se entregou ao Doutor Aguiar e Silva, Professor Catedrático da Faculdade
de Letras da Universidade de Coimbra, escritor, professor e investigador, o Prémio
Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural e se galardoaram dois escritores: Ana
Cristina Silva, Prémio Literário Fernando Namora, pela publicação do livro A
Noite não é Eterna; e Rui Lage, pelo seu romance
O Invisível.
Justificando o galardão
outorgado, Guilherme d’Oliveira Martins
(presidente do júri) salientou a dimensão didáctica, científica e pedagógica de
Aguiar e Silva, dele citando a frase: «A língua portuguesa é a mais esplendorosa
e irradiante criação de Portugal»,
pelo que, acrescentou, urge combater cada vez com mais afinco a pobreza
vocabular.
Nas saudações e agradecimentos,
o Doutor Vítor Aguiar e Silva disse que este reconhecimento constituía para ele
motivo de grande orgulho intelectual e emotivo; sublinhou que a cerimónia,
promovida por uma sociedade maioritariamente dedicada ao Jogo, mostrava à
saciedade como a Economia e a Finança não são obrigatoriamente incompatíveis
com a Cultura; apresentou a sua Universidade de Coimbra como a grande fomentadora
do espírito da cultura humanística; viu, nos jovens escritores galardoados, as
«vozes novas» que importava acarinhar; e augurou para a Senhora Ministra uma
«governação frutuosa», nomeadamente
tendo em conta o estipulado no art.º 9º da Constituição
da República Portuguesa (as «Tarefas
fundamentais do Estado»).
Abrira a sessão o Dr.
Mário Assis Ferreira, que, para além das referências protocolares, sublinhou
ser, de facto, matriz da actuação da
Estoril-Sol a aposta na Cultura, na Arte e no Espectáculo, uma marca de água que sempre a acompanhou.
Referindo-se aos livros
premiados, Guilherme d’Oliveira Martins
salientou, de A Noite não é Eterna, a
belíssima composição narrativa de um
drama pungente construído sobre os labirintos da tirania de Ceaucescu, na
Roménia; o drama de Nádia e Vasile, que, apesar de tudo, como diria depois a
autora, constitui mensagem de esperança, por… a noite não ser eterna! A
apologia da insubmissão e do compromisso contra os perigos e os horrores do
totalitarismo, referirá ainda Ana Cristina. Olham-se as pessoas, acentuou, como
clientes, consumidores, utentes, habitantes de uma colónia virtual… – e a
Literatura visa aprofundar o olhar sobre essa realidade.
O Invisível – de «notável fulgor imaginativo» – situa-se, por seu
turno, em 1931, numa aldeia, a Cova do Sapo, nas faldas da Serra do Alvão, e os
mistérios que por lá se passam é Fernando Pessoa, ocultista, que será chamado
para tentar desvendá-los. Um realismo mágico em que a figura histórica de
Pessoa se transforma em personagem de romance.
Encerrou a Ministra: a
Literatura Portuguesa constitui importante activo a incrementar; os livros
despertam a consciência; e o que se pretende é incentivar a que «haja mais e
cada vez melhores leitores».
Assim
foi, pois: a Literatura esteve em festa!
José d’Encarnação
Publicado em Costa do Sol Jornal (Cascais), nº 261, 2018-12-05, p. 6.
Fotos gentilmente cedidas pelo Gabinete de Imprensa da Estoril-Sol.
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