quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

A Literatura em festa

            No final da tarde de 28 de Novembro, celebrou-se a Literatura no auditório do Casino Estoril.
           É que, em sessão presidida pela Ministra da Cultura. Dra. Graça Fonseca, se entregou ao Doutor Aguiar e Silva, Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, escritor, professor e investigador, o Prémio Vasco Graça Moura – Cidadania Cultural e se galardoaram dois escritores: Ana Cristina Silva, Prémio Literário Fernando Namora, pela publicação do livro A Noite não é Eterna; e Rui Lage, pelo seu romance O Invisível.
           Justificando o galardão outorgado, Guilherme d’Oliveira Martins (presidente do júri) salientou a dimensão didáctica, científica e pedagógica de Aguiar e Silva, dele citando a frase: «A língua portuguesa é a mais esplendorosa e irradiante criação de Portugal», pelo que, acrescentou, urge combater cada vez com mais afinco a pobreza vocabular.
           Nas saudações e agradecimentos, o Doutor Vítor Aguiar e Silva disse que este reconhecimento constituía para ele motivo de grande orgulho intelectual e emotivo; sublinhou que a cerimónia, promovida por uma sociedade maioritariamente dedicada ao Jogo, mostrava à saciedade como a Economia e a Finança não são obrigatoriamente incompatíveis com a Cultura; apresentou a sua Universidade de Coimbra como a grande fomentadora do espírito da cultura humanística; viu, nos jovens escritores galardoados, as «vozes novas» que importava acarinhar; e augurou para a Senhora Ministra uma «governação frutuosa», nomeadamente tendo em conta o estipulado no art.º 9º da Constituição da República Portuguesa (as «Tarefas fundamentais do Estado»).
         Abrira a sessão o Dr. Mário Assis Ferreira, que, para além das referências protocolares, sublinhou ser, de facto, matriz da actuação da Estoril-Sol a aposta na Cultura, na Arte e no Espectáculo, uma marca de água que sempre a acompanhou.
            Referindo-se aos livros premiados, Guilherme d’Oliveira Martins salientou, de A Noite não é Eterna, a belíssima composição narrativa de um drama pungente construído sobre os labirintos da tirania de Ceaucescu, na Roménia; o drama de Nádia e Vasile, que, apesar de tudo, como diria depois a autora, constitui mensagem de esperança, por… a noite não ser eterna! A apologia da insubmissão e do compromisso contra os perigos e os horrores do totalitarismo, referirá ainda Ana Cristina. Olham-se as pessoas, acentuou, como clientes, consumidores, utentes, habitantes de uma colónia virtual… – e a Literatura visa aprofundar o olhar sobre essa realidade.
            O Invisível – de «notável fulgor imaginativo» – situa-se, por seu turno, em 1931, numa aldeia, a Cova do Sapo, nas faldas da Serra do Alvão, e os mistérios que por lá se passam é Fernando Pessoa, ocultista, que será chamado para tentar desvendá-los. Um realismo mágico em que a figura histórica de Pessoa se transforma em personagem de romance.
          Encerrou a Ministra: a Literatura Portuguesa constitui importante activo a incrementar; os livros despertam a consciência; e o que se pretende é incentivar a que «haja mais e cada vez melhores leitores».
            Assim foi, pois: a Literatura esteve em festa!
                                                                                   José d’Encarnação
 Publicado em Costa do Sol Jornal (Cascais), nº 261, 2018-12-05, p. 6.

Fotos gentilmente cedidas pelo Gabinete de Imprensa da Estoril-Sol.

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