terça-feira, 24 de abril de 2012

Frases de todos os tempos e… deste!

 
            Há frases a que nos habituamos, ainda que, em determinados momentos, elas adquiram um significado muito mais preciso e… menos brincalhão. Ou seja, dizemo-las amiúde, sempre em jeito de brincadeira, que o português – e, de modo muito especial, o algarvio… – não perde ocasião de mangar, na hora de arredar pensamentos sombrios. Os tempos de hoje lembraram-me duas.

            – Ó homem, pareces-me um entroncho!

Nos dicionários vem entroixo ou entrouxo, sendo troncho, como provincianismo, sinónimo de «homem desajeitado, brutamontes»; contudo, no Algarve, significa quem está mal vestido, uma farpela por cima da outra, sem jeito nenhum.

E não é que os entronchos ora, por necessidade, se multiplicam!....

            – Bolas! Nem dizes «Arroja, galego!».

            Usa-se quando alguém ataca um prato, tamanha a fome, que nem espera pelos demais. Sempre me causou estranheza o dito, até porque arrojar terá o sentido de ‘aventurar-se’, ‘fazer-se à vida’. No entanto, o mais curioso é, ainda, a relacionação com o galego, remontando, sem dúvida, ao tempo em que houve significativa migração de galegos para o nosso país e lhes eram entregues as tarefas mais difíceis. Daí a expressão «trabalha que nem um galego!» ou outra, «espera galego», que é a espera que nunca mais acaba…

Estamos nessa! Galegos… ou não!

Publicado no mensário VilAdentro [S. Brás de Alportel], nº 159-160 (Abril-Maio 2012) p. 10.

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