quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Um sonho a abraçar

           «A novidade mais interessante é que Carlos e eu estamos a pôr a hipótese de ter um bebé. Eu não sou muito de crianças; quer dizer, se vier a morrer sem ter filhos, pois ‘no me va a pasar nada’. Como a Carlos, ao invés, o encantam, parece-me algo egoísta da minha parte privá-lo dessa experiência. Quem me verá de mamã, se o sonho se concretiza! Ou, então, ainda descubro que sou uma mãe-galinha e me dedico de corpo e alma a tratar dos filhos. Como foi a tua experiência como pai? Eu o que creio é que os filhos não beneficiam nada o casal».
            Recordei o Hugo, nascido a 1 de Janeiro, ao receber este e-mail. Soubera que Rosa fora também responsável:
– Matilde, conta connosco! Leva-me essa gravidez prá frente, claro! Quero abraçar essa criança. Vais senti-la crescer dentro de ti. E eu estou contigo – para o que der e vier.
            O Hugo nasceu.
            À Raquel não resisti, portanto; respondi no minuto seguinte, quase sem olhar para as teclas do computador:
– É, sem dúvida, uma experiência aliciante! Diferente a atitude da mãe da do pai, como é evidente. A mãe jura que não vai querer mais filhos; o pai fica todo embevecido com o seu herdeiro. Os avós, esses, doidos de alegria, nem imaginas!... Quase vale a pena ter um filho só para poder dar essa alegria aos avós! Os filhos podem ajudar a criar conflitos entre o casal, mas, no fundo, são também um enorme elo de união. O que interessa mesmo é que o filho seja querido por ambos, o resultado de uma grande ternura que se tem a dois.
Também este sonho da Raquel eu quero, um dia, poder abraçar!…
           
                                             José d'Encarnação

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