Luís
Cardoso ocupa já lugar destacado na literatura contemporânea. De origem
timorense (nasceu em 1959), radicado em Oeiras, vem dando a conhecer, através
das suas obras, um mundo deveras estranho para europeus e, até, para os
portugueses que da história e do passado – real e fantástico – de Timor pouco
sabem.
Logo
o seu primeiro livro Crónica de uma Travessia, publicado em 1997 colheu os elogios da crítica pela simplicidade da
linguagem e por nos desvendar, na verdade, uma história de que porventura se
não suspeitava. E foi por esse mundo – misto de realidade e de mito – que nos continuou
a seduzir com Olhos de Coruja, Olhos de Gato Bravo (2001), A
Última Morte do Coronel Santiago (2003) e Requiem para o Navegador Solitário
(2007).
O
seu mais recente livro tem por título O
Ano em que Pigafetta Completou a Circum-navega
Foi
António Pigafetta um dos dezoito
marinheiros que sobreviveram à morte de Fernão de Magalhães e que, sob o
comando de Juan Sebastián Elcano, conseguiram voltar a Espanha em 1522, tendo assim
completado a viagem de circum-navegação. Deixou Pigafetta circunstanciado
relato das peripécias da viagem e é nesse entrecho que se movimenta o novo
romance de Luís Cardoso.
Escreve
Isabel Coutinho, da editora, que estamos perante «um
romance luminoso, em que a história contemporânea de Timor-Leste se transforma
e resplandece no transbordante prazer de contar histórias. Histórias todas elas
pontuadas por movimentos de navios: o Arbiru, que desapareceu um belo
dia, o Lusitânia Expresso, que nunca pode trazer o auxílio português, e
a nau Vitória, que aportou em Timor e na qual viajava António Pigafetta,
o cronista da primeira viagem de circum-navegação. E todas elas são contadas e
reinventadas pela voz da narradora, a sandália esquerda da Carolina, filha de um
empresário e integracionista confesso».
É, afinal, uma história do século
XVI ou um ‘mítico’ peregrinar por décadas mais próximas de nós?

Sem comentários:
Enviar um comentário