quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Os projectos e a prática

             Recorto uma notícia de 5 de Abril de 2014:
            «O Centro de Convívio de Parises vai ser palco, pelas 15h, de mais uma sessão informativa sobre Bolsa de Terras. Estão convidados a participar todos os proprietários de terras que as queiram arrendar e todos aqueles que não têm terra mas não lhes faltam ideias para projectos!».
            Não tive, naturalmente, eco da iniciativa e confesso que não recordo de ter visto anunciada outra de idêntico teor.
            Acredito, porém, ser do maior interesse a ideia que lhe está subjacente. E falo por experiência própria, ao verificar que eu próprio e parentes meus herdámos terrinhas e não sabemos que fazer delas. E escrevi «terrinhas», porque, como se sabe, na primeira metade do século XX, eram mesmo terrinhas: tu ficas com tantos pés de oliveiras e eu com tantas figueiras… E tudo quedava assim emparcelado, em tiras, sem tempo nem lugar para pôr marcos, e hoje é uma embrulhada das antigas e os que disso sabiam já faleceram e os herdeiros são mais que muitos e de alguns nem se sabe por que estranjas param…
            «Bolsa de terras» é, pois, boa ideia. E com ela poderia vir também a reflexão aturada acerca do futuro dos nossos figueirais, olivais, amendoais, alfarrobeiras e campos de cultivo, onde antes se colhia trigo e ora cresce matagal.

                                                    José d’Encarnação
 
Publicado em Noticias de S. Braz [S. Brás de Alportel] nº 238, 20-09-2016, p. 11.

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