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Gosto
de me deixar inebriar por este mar calmo, mosqueado pelas luzes paradas das
chatas. Sinto a esperança do pescador.
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«Todos
os regimes têm os seus ladrões, mas só são tolerados os que sabem governar» – proclamou
Cossiga, quando presidente, já em apuros, de uma Itália sempre turbada e
imprevisível.
A
diferença entre governar e… governar-se!
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Assisto
à exumação de um ente querido. Meio apodrecidas já as tábuas do caixão. O
coveiro agarra na caveira com cuidado. Retira tíbias e perónios de dentro das
calças meio rotas. Despeja no alguidar os ossinhos guardados nos sapatos…
Pelo
caminho sereno do regresso, vi tantos corpos aperaltados, na perspectiva de uma
‘eternidade’ bem diferente daquela que eu acabara de viver junto à cova
reaberta.
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Encontram-se
de seis em seis meses, no mesmo dia, à mesma hora. No rosto, a mesma
interrogação: será que o pacemaker continua
operacional? E sempre a mesma pergunta: porque será que as consultas começam
impreterivelmente muito para além da hora prevista?
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Os
olhos brilhavam-lhe e toda ela parecia vibrar nos seus 60 e tal anos. Conversava
entusiasmada com uma amiga, na sala de espera do hospital, espera ritmada pelo
toque descompassado do besouro da «sua vez». Falava do Espírito Santo.
José d'Encarnação
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