quarta-feira, 14 de abril de 2010

Vivinha de Cascais


O título da nova revista do Grupo Cénico da Associação Humanitária dos Bombeiros de Cascais, estreada no Gil Vicente, no passado dia 9, tem, para já, duas conotações a reter:
- a primeira lembra o «vivinha da costa», pregão das varinas, a recordar uma Cascais que já foi mais de pescadores do que é, e onde a varina não estava apenas no seu lugar do mercado, mas andava de canastra à cabeça pelas ruas da vila e pelos lugares circunvizinhos;
- a segunda quer mostrar – e mostra! – que há um punhado de gente activa, sacrificada, amante do Teatro, que… está bem viva!
E se o primeiro aspecto acaba por perpassar por quase todos os quadros da divertida revista (a evocação dos temporais da Nazaré recorda também Cascais, naturalmente, assim como a figura específica da varina), o segundo merece todos os encómios, sempre!
São duas horas de bom entretenimento, que nos fazem soltar saborosas gargalhadas, não faltando cor, picante malícia quanto baste, crítica social: os homossexuais são, como sempre, alvo predilecto, muito bem caracterizado, mas há, por exemplo, a visita a uma herdade alentejana pretexto para falar de… reprodução! E o casal de gagos recém-casados, de palavras cheias de… subtilezas!...
Política muito pouca, desta vez, a não ser aqueles aspectos gerais da carestia de vida; de política local, o ‘substituto’ do Estoril-Sol e a Casa das Histórias a lembrar forno crematório… Canções e poesia (ponto alto o hino à maternidade), danças de salão e ritmos modernos. Sentida, emotiva, aplaudida de pé, a homenagem a João Constante, presente na 1ª frisa, com a evocação de alguns dos seus êxitos fadistas.
Alegra-nos muito ver como os novos se entrosaram bem no espírito dos menos jovens em idade mas sempre jovens de espírito. Encantam-nos as coreografias e o guarda-roupa variado e muito original, obra do génio artístico e das mãos experientes de Quim Carvalho, que nunca será de mais enaltecer!
No final, antes das palavras de incentivo do Presidente da Direcção, Dr. Rama da Silva, o testemunho de Natalina José, que ensaiou e teceu rasgados elogios ao dinamismo e espírito de entrega de toda a equipa com que teve o gosto de trabalhar. Equipa que não são apenas os actores, cantores e dançarinos, mas também quantos, nos bastidores, têm tudo a postos para a mudança de roupa enquanto o diabo esfrega um olho! De realçar também a forma inovadora como, em projecção, rapidamente se punham os novos cenários, embora uma que outra vez, a ‘fanhosa’ tenha aparecido, em jeito de compère, para fazer tempo, sempre com muita graça!
Parabéns!

Publicado no Jornal de Cascais, nº 215, 13-04-2010, p. 4.

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