sábado, 24 de setembro de 2011

Andarilhanças 16

Antónia Rama da Silva
Deixou-nos, no passado dia 6, aos 82 anos, D. Antónia Rama da Silva, mãe do nosso prezado colega nestas lides jornalísticas, Rui Rama da Silva, a quem endereçamos sentidos pêsames.
Depois de se ter aposentado da docência, em que sempre foi apreciada pelos colegas e estudantes, pela competência, dinamismo e dedicação ao ensino, D. Antónia continuou a ser exemplo dum espírito que sempre quer aprender mais. Amiúde conversávamos sobre os cursos breves que andava a frequentar, as conferências a que assistia (foi presença habitual durante largos anos nos Cursos Internacionais de Verão de Cascais), os livros que andava a ler…
De trato simples, muito contribuiu para cimentar o espírito de vizinhança no Bairro da Pampilheira, entre cujos moradores mais antigos se contava.
Que descanse em paz, Tia Necas, e que seu exemplo frutifique!

Egoísta
O nº 46 (Junho 2011) da revista Egoísta, editada pela Estoril Sol, tem o traço por tema e abre, em epígrafe, com uma frase de Millôr Fernandes que consubstancia o que, afinal, se pretende com esta sucessão de imagens saídas da pena de ilustres artistas portugueses: «Viver é desenhar sem borracha».

Tem o artista uma visão da realidade; isola partes dela para nos encantar ou, simplesmente, para nos sacudir do torpor e nos obrigar a agarrar a vida, para que… a desenhemos sem necessidade de frequente recurso à borracha!...
Neste número, não há palavras, há quadros: o homem da flauta, que Mário Assis Ferreira pintou aos 7 anos; a energia contagiante e cheia de rostos, do saudoso Malangantana; os instantâneos da Natureza, a lápis, de João Lourenço; o traço minimalista de Júlio Pomar; o exuberante exotismo geométrico de Luís Alves; o grande painel de Ivone Ralha, a ocupar quatro páginas, em jeito de tapeçaria a convidar para um café; o sereno (ou nervoso?) dramatismo negro de Henrique Cayate; a perfeição dos lápis de Marco Mendes, quer na figuração humana quer no retratar arquitectónico; a cidade e as pessoas, de Eduardo Salavisa, a saírem, quais livros, do meio de páginas cinzentas; o torvelinho das cidades de Ricardo Cabral; a serenidade dos olhares de Luís Filipe Cunha; a história desenhada de três samurais, no Japão imperial de 1547, de Rodrigo Prazeres Saias; as aguarelas relaxantes de José Eduardo Agualusa; emaranhadas cabeleiras de Rute Reimão; intrincadas fantasias, num festival de cor, de Joana Vasconcelos; e três pensativos personagens de Ana Mesquita.
Um percurso, um folhear que apetece saborear amiúde!

Atenção à pequenada no Bairro da Pampilheira
Para além da creche, que finalmente entrou em funcionamento no quadro do protocolo assinado pela Junta de Freguesia com a Santa Casa da Misericórdia, saliente-se, com aplauso, a reabilitação do parque infantil junto ao Centro de Dia. Um pavimento de placas sintéticas e fofas substituiu, com inteiro agrado, a areia e os aparelhos foram também recuperados.
Parabéns!
Próxima tarefa da Junta: a Recuperação do parque no Bairro da Assunção!

Querem roubar-nos os pavões!
A biblioteca infanto-juvenil, a área de jogos tradicionais, o quiosque, a caminhada que se propõe, os dois locais de livre acesso à Internet, o Museu dos Condes de Castro Guimarães, as esculturas junto ao parque infantil (repôs-se recentemente a da mãe, que gente inconsciente lograra partir), esse parque e os seus múltiplos aparelhos, a frescura de árvores seculares (algumas delas identificadas, como em jardim botânico) – constituem os grandes atractivos do Parque Marechal Carmona, sobejamente apreciado por nacionais e estrangeiros.
Faltou um dado na enumeração: os animais! Há muito que acabou o minizoo (e eu ainda me lembro de dar amendoins aos macacos e de admirar a velha raposa…); contudo, dele ficaram os pavões, os patos do lago, as tartarugas, os pombos, dizem-me que uma coruja branca anda por lá e algumas aves tropicais já eu vi, as galinhas, galos e pintainhos… São todos eles a alegria da pequenada e aumenta, por isso, dia após dia, a raiva contra as gaivotas que ali, impunemente, matam patinhos, tartaruguinhas e (pasme-se!) devoram os pombos ali à vista de todos, no lago!
Mas, se todos nos encantam, são os pavões e os seus ‘gritos’ um dos ex-líbris do parque. E não é que os estão a levar para outros sítios e, daqui a pouco, nenhum anda por lá? Não ousam as gaivotas comer-lhes as crias, que pavão que se preza lhe dá bicadas fortes; o bicho-homem, porém, está a dar cabo deles! Saberão disso os senhores vereadores, o senhor presidente da Câmara?

Publicado em Jornal de Cascais, nº 282, 21-09-2011, p. 6.

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