segunda-feira, 23 de abril de 2018

Uma benemérita quermesse no Corotelo

            Quis Vítor Barros ter a gentileza (que lhe agradeço) de me fazer chegar a circular que abaixo se reproduz, amarelecida pelo tempo, encontrada «nuns papéis velhos que a minha mãe guardava» (escreveu-me) e que, pela quantidade de nomes aí mencionados, decerto vai merecer a maior atenção dos nossos leitores, dado que aí encontrarão, sem dúvida, referência a algum dos seus antepassados.
            Em si mesma, a circular demonstra o que, nos anos 50 (?), era o sentir da população: quando alguém estava em dificuldades, mormente devido a problemas de saúde, organizava-se uma quermesse com as ‘lembranças’ que cada um poderia trazer e, desta sorte, não só se pagavam as despesas da festa como se angariavam fundos para socorrer quem necessitava. «Numa época em que todos tinham pouco, o pouco que tinham dividiam com os que tinham ainda um pouco menos» – comentou Vítor Barros. E tem razão.
            Dois sentimentos de pesar me ocorrem, todavia, a par da consolação de podermos dar a conhecer um documento histórico:
            1º) Um pesar de historiador: a ausência da menção do ano. Claro, compreendia-se então que seria aquele ano e, por isso, considerava-se desnecessário dizê-lo. Vê-se agora que não é bem assim e que temos de dar algumas voltas para tentar saber quando é que isso foi. Esse, aliás, o desafio que poderemos pôr aos leitores do Noticias: alguém, até pelos nomes citados, terá ideia do ano?
            2º) O pesar do corotelense, que sente como a sua terra há 50 anos atrás estava na crista da onda, com o dinamismo dos dirigentes da sua Sociedade, e hoje esmorece, esmorece, sem direito até a singela placa toponímica…

                                                                José d’Encarnação

Publicado em Noticias de S. Braz [S. Brás de Alportel] nº 257, 20-04-2018, p. 13.

1 comentário:

  1. Sofia Silva, 24 de Abril de 2018 12:22
    A minha família é da zona interior do concelho de Loulé e também por lá se fizeram muitos eventos destes… Como a minha avó dizia “eram tempos de miséria”. Como eu digo, eram tempos com gente de muito valor!
    Deu-me a curiosidade... Será que não se trata de Agosto de 1957? Nesse ano, os dias 17 e 18 são ao fim de semana…
    Ou será que nessa altura estes eventos se faziam fora do fim de semana?!

    Em 27/04/2018 8:28 p.m., J. d’E. respondeu:
    Bem hajas, Sofia, pelas oportunas considerações. «Gente de muito valor» isso sim!
    O fim-de-semana foi uma invenção bem recente. E a semana-inglesa só começou oficialmente a 7 de Janeiro de 1961, esse o primeiro sábado em que se não trabalhou de tarde. Portanto, o sábado era dia normal de trabalho ainda na década de 50; contudo, havia bailes à noite e no domingo; portanto, a sua opção é óptima e, com sua licença, vou indicá-la na próxima edição.

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